Cada vez que me levantava da mesa e me afastava ias atrás de mim.
Ias procurar-me, mostrar-me que estavas ali, plantar-me uns beijos, ver como eu estava, falar sem dizer nada.
Querias tocar-me e provar-me e saber-me tua naquele momento.
E eu queria ser tocada e provada e fingir-me tua.
Naquelas vezes, como na primeira.
A tua saliva, a minha, o sabor a chocolate, o cinema. A tua coragem trémula, a minha voz surpresa e tendencialmente ofegante - pelo simples toque das mãos. Pela pergunta que me fizeste como desculpa para me tocares, para amarrarmos as mãos.
Aquele foi o primeiro beijo, de facto, mas muitos outros tinha já partilhado contigo. Tu apenas não o sabias porque as fantasias eram as minhas…
Entretanto já não sabia /podia / queria esconder que te desejava desde há algum tempo. Ambos sabíamos o dia, a situação em que olhei para mim e pensei: "isto não era suposto acontecer... que é que se passa aqui?"
O facto é que aconteceu. O facto é que eu estava quente, muito quente, ao teu lado. E já estava a marinar há horas... a ver-te e desejar-te e olhar-te de soslaio e desejar gatinhar até ti, sussurrar-te um plano de fuga, provar-te a língua. Só pensava num pretexto para apresentar os meus lábios aos teus e a palma das minhas mãos à tua pele.
Fiquei a (ad)mirar-te os pés descalços enquanto estavas estendido na cama. Eram brancos e tentadores. Como todo tu. Brancos e tentadores.
Não sei como te ultrapassas e apresentas uma fachada sólida e inabalável, e ao mesmo tempo, ao guardar-te nos meus braços, sentia o pulsar que denunciava agitação e frenesi.
Ainda sei o teu cheiro. Reconhecê-lo-ia sem custo.
Ainda sei o mapa que se desenha nas tuas costas. Sabem-no as minhas mãos.
Ainda guardo as medidas do teu abraço.
Ainda te desejo.
Ainda.
4 comentários:
A tua faceta intimista é mais humana que marciana... ;)
Tem destas coisas.
São os estímulos terráqueos. :) Eu só reajo...
anda muito saídinha da casca menina de marte!
uuuuui ca bom!
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