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13 de abril de 2011

às quatro da madrugada

Já num estado avançado de flirt, em que o “fazia-te isto/aquilo/assado/cozido” eram rotinas diárias de atiçamento via sms:
- Achas que é seguro eu ir a essa festa?
- Se tiveres problemas cardíacos é melhor não apareceres porque não trago lingerie.

Tal como previsto, dado o teor da mensagem, ele apareceu. Apareceu para comprovar a inexistência de roupa interior. Apareceu para me levar para a cama. Apareceu porque eu já tinha marcado no meu calendário que aquele era o dia em que ele ia ser devorado.
No meio de muita gente conhecida fizemos o que nos competia e fingimos a mútua indiferença. Trocámos uns olhares, sussurrámos provocações dignas de filme de adultos e tocámo-nos desavergonhadamente em gestos disfarçados de atribulação ou simples falta de jeito.
Os Hendrick’s desapareceram a uma velocidade anormal, que associo a pura ansiedade. Pedi a um amigo que me levasse a casa e despedi-me de toda a gente, inclusive do homem por quem andara a suspirar nos últimos dias – e nesta noite em particular.
Saí e enviei um sms a dar-lhe as indicações para ir ter a minha casa. Presumo que tenha voado até mim porque demorou pouco mais que eu a chegar. Esperei por ele à porta do prédio, do lado de dentro. 
Abri-lhe a porta.
- Sempre deste com isto, hein? – disse, abrindo a porta e afastando-me o suficiente para que não tivéssemos de nos cumprimentar de maneira nenhuma.
- Sim, foi bastante fácil. Desculpa se demorei…


Dirigimo-nos para o elevador. Não tivemos de esperar, visto que ainda lá estava o mesmo em que eu descera. 
Corre a porta – abre-se. 
Entramos. 
Corre a porta – fecha-se. 

[Freeze. Este momento é crucial.
Eu sei porque é que ele está ali, ele sabe porque é que o recebo ali. Estamos ambos fartos de prometer e prever encontros sexuais, de descrevê-los com pormenores vistos, certamente, em filmes. Eu sei que, não tarda, estaremos engalfinhados em coreografias sensuais copiadas, outras só pensadas, outras muito desejadas ou trazidas de boas experiências anteriores. Sei que vou conhecer-lhe a boca, as mãos, a língua, o ventre, o peito, … e, conhecendo-me como conheço, sei que vou proporcionar-lhe um momento-cama digno duma experiência d’A Vida É Bela.]

Inspiro fundo e encosto-o ao espelho do elevador.

pet me

Hoje a minha cama está vazia.
Ontem, livre.
Anteontem, inabitada.

Hoje o meu telemóvel andou silencioso.
Ontem, mudo.
Anteontem, calado.
  
Estou desejosa do seu toque. Que regresse do paraíso e me preencha. Fisicamente. Que me preencha.
Me esgote.
Quero a ânsia do toque, a respiração contra a minha.
Falar com as bocas tangentes, adormecer em colher, acordar com o calor excessivo que os dois corpos produzem, incapazes de se largar.

[Acho que é mais ou menos por esta altura que as pessoas arranjam animais de estimação…] 

19 de fevereiro de 2011

kiss my ass


Depois de uma noite bruta[l] de sexo, estamos os dois na casa de banho a preparar para ir dormir. Ele acaba de lavar os dentes e sai. Eu procuro, na minha bolsa, a escova de dentes... e nada:
- Olha, posso usar a tua escova de dentes, porque hoje me esqueci de trazer?
- Isso não é um bocado nojento...?
- Grande lata! Nojento, achas? [Tico e Teco a funcionar: wooooow... tu, ainda há dez minutos me lambeste o ass e agora dizes que o eu lavar os dentes com a tua escova é que é nojento?]
Lavo os dentes. Entro no quarto...
- Então, sempre usaste a minha escova?
- Não, não. Lavei com o dedo e bochechei com Listerine. Tinhas razão, é um bocado nojento... [Eheheh. Blherk!]

31 de janeiro de 2011

V-I-A-G-R-A

E se, para além de ENLARGE YOUR PENIS, o Sildenafil também ENLARGEASSE YOUR BRAIN?!? 
Isso é que era jeitoso... 

5 de janeiro de 2011

shortcut

- Queres sair?
- Sim, tudo bem mas são 23h. O que vamos fazer?
- Tomar o pequeno-almoço.

26 de novembro de 2010

{I'm out}

É tão fácil, tão fácil pôr uma pedra em cima de um assunto – de uma pessoa.


Fui chutada para canto.
Fui, e no canto permaneci, atónita. Ainda não sei de onde veio o que veio, ainda não compreendi porquê. Ao início parece que é impossível, que apenas não está a acontecer. Que é um sonho mau – e é, afinal, uma realidade má.
Mas ontem percebi como é fácil conseguir que as coisas não resultem. Basta não fazer nada. Uma saída, pessoas na noite. Sem tramas, sem teias, sem espinhas, seduzir é muito fácil. Começam os sorrisos, os risos, as perguntas inocentes. Inocentes como os toques, primeiro subtis.
Seguem-se as piadas, os encostos, a dança, os copos que se esvaziam sozinhos. Ainda as conversas que não são mais do que auscultações, itens das checklists que inadvertidamente tentamos verificar. Ou à força, não sei…

Toda a noite foi um teste, um ver até onde é que consigo ir, até onde me deixo ir. Ver se é isto o que preciso, se é disto, de atenção física que estou manca. E nem precisei de me esforçar grande coisa, bastou ir lançando charme sobre os três com quem estava. Só para alimentar o meu ego recentemente murcho. E ser alimentada por três é algo tentador. Se entretanto me apetecesse, era limitar-me a ir medindo afinidades e tentar perceber para que ombro pendia a minha cabeça, sem constrangimentos.
Com qual deles teria eu margem para brincar à minha vontade? Com o #1, o comprometido, que já encontrou a mulher da sua vida? Com o #2, que tem “um caso” recente? Com o #3, o playboy de corpo rijo, sorriso branco e alinhado, de 26 aninhos?

O comprometido, óbvio – o playboy tem muito jogo e eu não gosto de perder.
Dás-me boleia?”, pergunta o tonto do comprometido. “Tenho as mãos frias”, diz-me, pegando nas minhas. E daí ao “vamos lá a casa beber um licor fabuloso?” vai a distância de uma mão dada. 
Da tensão no elevador até ficarmos de narizes siameses na cozinha de casa dele vai a distância de uns olhares que se encontram e se amigam. 
Desvio a cara sempre que os seus lábios se aproximam perigosamente da área exclusiva dos meus, enquanto decidimos o que, afinal, beber. Estamos, de facto, a empatar, a engonhar
E é nestes segundos, nestes momentos e jogos de mãos que mora o click, o ponto de não-retorno. Se é para nos devorarmos, é aproveitar esta altura, em que a respiração denuncia um coração a bombear em todas as direcções. Todas. 
Se não é para o banquete, é aproveitar enquanto ainda não se tem contacto com essas direcções todas e evitar, assim, qualquer referência mental ou sugestão.


Ainda na cozinha, a olharmos para a garrafeira, faz questão de me abraçar por trás para que eu sinta, nas nádegas, as suas intenções – e são evidentes. Começa a desapertar-me o nó do cinto do casaco, doido por me lançar as mãos à cintura ou aos quadris, por debaixo do vestido.
Fecho o casaco.
- Vou andando. Adeus.
- Tens a certeza?
- Não. Adeus.

E é no carro, no caminho gelado das cinco da manhã, que percebo que é muito fácil, demasiado fácil, deixar tudo e deitar tudo a perder. Que «complicado» é gostar de verdade, ser de verdade, ter de verdade – e árduo é ser-se amigo, quando se é namorado.
Isto?, isto era só demasiado acessível, dado – descartável. Acordar com aquele tipo ao lado parecia inteligível, imediato: um tipo giro, interessante, divertido, boa conversa, melhor corpo. Seria uma experiência – algo para guardar, memorizar, até partilhar aqui, who knows? E vindo com namorada – great – porque isso garantia que não me chateava com telefonemas ou sms ou cafés.

Era tudo demasiado fácil.
E meaningless.
{I’m out}

6 de junho de 2010

"desculpa, mas não vai dar"

Encontrámo-nos na discoteca onde nos conhecemos. Persegui-o com o olhar durante alguns minutos para o analisar e ver quão desconfortável ficara por me ver outra vez – a primeira desde que mandara um sms a dizer “Desculpa mas não vai dar”. Foram 3 meses de actividade sexual intensa, de concretização de uma série de fantasias e, no fim, um sms. Nem um “não és tu, sou eu”, nem um “um dia vais encontrar um tipo fantástico que te vai fazer feliz”. Eu não o queria para nada, mas uma conversa de café, entre pessoas adultas, resolve estas coisas. Desde o dia da mensagem ando com um saquinho no carro com coisas que ele fora deixando por minha casa. Como sabia que inevitavelmente havíamos de nos cruzar, prescindi de ver os seus pertences espalhados por minha casa. Tem sorte que eu não os tenha incinerado…
Hoje, por azar, tinha vontade de me divertir. Vamos ver se ele não me estraga a noite.
Vem ter comigo e com as minhas duas amigas, que já conhece, e cumprimenta-nos. Empresto-lhe o meu melhor sorriso mas depressa o guardo para não o gastar inutilmente. Faz conversa de ocasião, leva respostas de ocasião, tudo misturado com alguma raiva. Ainda não recompus o ego – não que me tenha despedaçado particularmente, mas levar com os pés não é das minhas actividades predilectas.
Quando volta para o seu grupinho vejo que está com uma companhia especial. Ela olhou-o de maneira especial, agarrou-o de maneira especial, amuou de maneira especial. Gostei. Vejo que ela está a ir-se embora e não resisto a sorrir – é mais forte que eu.
É incrível que ele tenha escolhido este exacto momento, em que sorrio, para olhar na minha direcção. A sua companhia vira costas e vai andando. Ele, como menino bem comportado, faz de macaco de imitação. Faço-lhe uma continência trocista, viro costas à sua palhaçada passional e continuo a dançar com as minhas amigas.
Estranhamente, passados uns minutos, ele regressa de copo na mão, sem namoradinha e de sorriso na boca. Não lhe ligo muito mas observo-o de vez em quando. Quando vou à casa de banho vai atrás de mim e ficamos a meio do caminho, perto do lounge. Aproveito os sofás para me sentar porque estou mesmo aflitinha. Que quererá de mim?
- Vim só falar contigo, saber mais de ti. Como estás? Fui tão estúpido contigo… Desculpa.
- Não te preocupes, as coisas entre nós não estavam a funcionar. Foi melhor assim. Ah, por falar nisso, tenho no carro um saco teu com uns boxers, uma escova de dentes e aqueles teus preservativos horríveis de mentol – quando te fores embora avisa-me que eu saio contigo para tos dar, ok?
- Então vamos já, porque eu estou mesmo de saída. Vou ter a casa da minha namorada, ela é que já foi andando porque estava maldisposta.
- Maldisposta… ok. Vou só ao wc, depois vou avisar as minhas amigas que vou ao carro, mas tu vai pagando e saindo. O meu carro está no estacionamento. Olha, e lava as mãos e a boca, que as trazes nojentas.
Assim fizemos. Eu fui ao wc, ele foi também e depois foi pagar. Avisei o porteiro que já vinha – e como ele já me conhece não levantou questões. Fomos a andar para o carro:
- Então e tu, andas com alguém?, pergunta-me ele.
- Ando. Ando com quatro gajos mas não são importantes. É só para foder.
- Ahaha, és mesmo engraçada.
- Costumo ser, quando digo piadas.
Chegamos ao meu carro. Destranco-o e vou para a porta do passageiro porque é lá, de lado, que está o bendito saco. Ele segue-me e, quando abro a porta, senta-se no lugar do passageiro como tantas vezes fez, quando íamos passear. Fico de pé a falar com ele mas logo me arrepio com o vento que faz e vou sentar-me no lado do condutor.
Ficamos a falar. De nada, basicamente. Falou-me do trabalho, disse-me que chegara hoje de férias, que a namorada estava amuada porque em vez de ter ido ter com ela quando chegou, foi jantar com os amigos, vindo depois para aqui.
Tanto me dá. Não ouço metade do que me diz. Sentada, o decote do meu vestido dá de si, mas não reparo logo nisso. E quando reparo não faço nada. Olho para as calças dele e vejo que estão com o volume que me é familiar. Neste momento tenho duas hipóteses: ou lhe digo para se ir embora porque as minhas amigas podem ficar preocupadas, ou lhe lanço a mão ao inchaço na braguilha.
Opto pela segunda. Ponho-lhe um dedo sobre os lábios para que se cale com aquelas conversas sem sentido. Quando se cala levo a mão às suas calças e sinto-o rijo debaixo da sarja, dentro da minha mão. Imediatamente fecha os olhos e quer agarrar-me. Não permito. Empurro-o e encosto-o bem ao banco dele. Levo a mão ao manípulo do banco do passageiro e empurro-o o máximo para trás. Ambos sabemos o que vem aí, porque este cenário é-nos muito familiar.
Puxo o vestido para cima, ainda sentada no meu banco, para que ele veja que estou sem roupa interior – aproveitei a ida ao wc para a tirar. De qualquer modo, só se este cenário se proporcionasse é que ele ficaria a saber. Levo a mão aos seus cabelos e puxo-lhe a cabeça para baixo, até mim e penso “estes são os únicos lábios que (me) vais beijar, por isso aproveita”. Abro as pernas no mesmo gesto, enquanto ele se ajeita no banco para me chegar sem contorcionismos. Tranco o carro. Lambe-me como sabe que gosto, como lhe ensinei: como se eu fosse um cornetto a derreter. A língua fica mole e toda de fora; a ponta da língua não serve para aqui – a parte central da língua é que trabalha, como fazem os gatos para se banharem. Agarro-lhe na mão direita e dirijo um dedo para dentro de mim - aliás, 2/3 de dedo - já o sabe - e não mais. Virado para cima, em forma de gancho. Em forma de G.
- Assim… assim está bom. Não pares – digo
Agarro-lhe outra vez a cabeça e puxo-a ainda mais contra mim. Sei que fica com pouco ar para respirar, mas também eu não me queixava quando ele me entupia a garganta, naquelas sessões imitadoras de filmes. Com um pé, entretanto descalço, começo a massajá-lo por fora das calças – e assim averiguo a sua “disposição”.
Está boa. Está boa, a disposição. Está como o seu ego.
- Faz assim, faz – digo – continua. Não pares. Assim… assim… vá… – digo-lhe enquanto “rebolo” na sua boca – anda, faz-me vir. Vá, dá-me. Come-me bem, come.
É inevitável: venho-me na sua boca. Não faço muitos barulhos, os meus orgasmos solitários são silenciosos – e este é como se tivesse sido um desses, em que só estou eu. Foi bom, mas sem importância.
Fico encostada ao banco ainda a gemer por dentro e a escorrer saliva. Normalmente seria nesta altura que eu subiria para o seu banco, desapertar-lhe-ia as calças e sentar-me-ia nele, cavalgando-o sem misericórdia até ele me avisar para eu sair e ir comê-lo – ou bebê-lo, tanto faz.
Mas não hoje. Abro o porta-luvas, tiro um pacote de lenços de papel. Tiro um para mim, que ponho entre as pernas ensopadas, e aperto. Puxo o vestido para baixo. Dou-lhe outro lenço para que limpe a baba e os meus vestígios naqueles lábios, nariz e queixo. Fica atónito a olhar para mim. Pego no saco que ficou no chão do carro, do lado dele, já bastante amachucado pelos ténis número 46 do menino. Ponho-lhe o saco no colo e digo-lhe para sair. Olho mais uma vez para o chumaço provavelmente bem húmido que traz dentro das calças e sinto vontade de o devorar, mas isso não me vai fazer sentir melhor. Destranco o carro e repito, com a voz mais segura:
- É melhor ires andando. – E, dizendo isto, abro a porta do meu lado, calço-me e saio. Tiro discretamente o lenço de papel, enrolo-o e guardo-o na mala. Ajeito o vestido e o cabelo.
Ele não argumenta. Pega no saco, abre a porta do carro, sai. Quando ouço a sua porta bater tranco o carro e dirijo-me para a zona da entrada da discoteca.
Não sei que mais se passou atrás de mim. Não sei como ficou, se foi logo embora ou não. Sei que caminhei devagar mas com segurança de volta à discoteca, ainda com pequenos espasmos por ter tido um belo orgasmo há menos de um minuto. Entrei, fui dizer às minhas amigas que me ia embora, fui pagar e voltei a sair. Dirigi-me ao carro e rumei a casa.
Fiquei a pensar que cara teria feito ao ler o papel que lhe deixei no saco, com as suas coisas, a dizer “desculpa mas não vai dar”.

29 de julho de 2009

O fim do mundo em cuecas!


Gostaram do título?
Eu vou repetir para que os mais distraídos também possam usufruir da bela piada! Preparados?

"O Fim do Mundo em Cuecas!"
:)


Pronto, e agora que estamos todos muito mais felizes, vou revelar o verdadeiro intuito deste post escrito. (Que em latim se diz "post scriptum", mas que não é a mesma coisa que um post escrito). Adiante.
A minha motivação primeira não é mostrar-vos a Tia Maya em pelota. Não...
O que me chamou a atenção nesta capa não foi a tatuagem ranhosa (gentilmente apagada - photoshop é o maior! - da mama visível nesta capa). Não...
O que marca aqui não é a lingerie com almofadinhas (vejam com atenção e reparem que a senhora tem almofadas a suportar as glândulas mamárias recentemente revistas e aumentadas). Não, também não era isto que queria apontar...
Importante mesmo é o que esta FHM diz em cima do ombro da Maya: MICHAEL JACKSON - ESPECIAL UMA PÁGINA!!!
Ri-me mais com isto do que ao imaginar o tamanho das maminhas da Maya antes da operação! Então o Miguel Filho-do-Jack morre e a FHM dedica-lhe um especial... de UMA página? UMA?? E a Maya ocupa umas dez páginas...? Só se for para também caber o nariz...
Ah, já sei, este é um número especial dedicado a celebridades que gostam de comer meninos... (Lá dentro, no desdobrável, temos o Carlos Cruz em culottes!).

24 de julho de 2009

stevie wonder date

A minha amiga que diz que eu sou uma oficina (isto fica para outro dia) foi ter um blind date, uma cafezinho à tarde com alguém de quem só ouviu falar. Um amigo dum amigo. Antes de ir, o telefonema:

Ela - Amiga, estou a ir tomar café com aquele. Aquele que vem cá para me conhecer. O que é que estás a fazer?

Eu - Estou a trabalhar… claro.

Ela - Num sábado à tarde?? Olha, mas eu precisava de ti. Se o gajo não for interessante e eu quiser vir-me embora mando-te uma SMS para me ligares. Assim eu digo que tenho uma emergência familiar e que tenho de ir embora.

Eu - Parece-me péssima ideia. Pelo modo como ele quis conhecer-te logo assim sem mais, já deve estar habituadíssimo a estas rotinas, estas deslocações para conhecer miúdas. E se ele for realmente desinteressante já viu esse filme da “emergência familiar” uma dúzia de vezes. Porque é que não fazemos antes assim: aguentas-te à bronca e bebes o cafezinho todo, uma vez que aceitaste o convite. Capice? Se não querias correr o risco, não alinhavas em blind dates. Sendo interessante ou não, fazes esse bem à humanidade de passar um tempo desinteressado – ouviste? “de-sin-te-res-sa-do” – com alguém. Achas-te capaz disso? E pronto… se realmente achares que ele é muito insistente ou só estúpido, nesse caso mandas-me um SMS que eu ligo. E aí vou eu ter contigo e fazemos o nosso típico “good cop / bad cop”! Ok? Estamos entendidas?

Ela - Ma’am, yes Ma’am.

(a verdade é que o cafezinho durou dezoito horas, das 2pm às 8am. Tudo isto existe, tudo isto é triste… J)

26 de junho de 2009

e é pra embrulhar, sff...


No restaurante, eu e a minha amiga brasileira:



Empregado (brasileiro) – Então minináis, como istão? Já iscolheram?



Eu – Eu já. Quero picanha. Com tudo. E para beber quero um guaraná.


Ela – Párá mim é áqueli bácálháu ispeciáu (...) e um compau fresco.


Eu – Olhe, então eu também quero um “compau fresco”!! (Fonix, será que eu disse isto ou só pensei?!? Merda. Pela cara dos dois, eu disse mesmo…)










E tu… já comeste fruta hoje?


J




23 de junho de 2009

Quem quer entrar no meu sonho põe o dedo no ar!! Pronto, podes ser tu aí, o do caparro!!!

Hoje vi o meu sono interrompido às 8 e pouco da manhã por um som frenético que vinha da rua. Acordei sobressaltada e dei conta que estava a sonhar com o Cristiano Ronaldo. Não que o rapaz me acenda nenhuma faísca desconhecida, mas eu estava a gostar do meu sonho, pelo que resolvi dormir mais duas horinhas e ver no que dava!

Pois claro que nessas duas horinhas de sonho encontrei-me com o CR uma data de vezes, andei no jardim a passear com ele. Ele só queria festa a toda a hora, é certo. E por festa eu não estou a referir-me ao São João… quero dizer mesmo cama. Sexo. A toda a hora. E eu, pudibunda, dizia que não. Dizia-lhe “mas pensas que eu sou como as outras?” (a típica conversa que todas as raparigas têm para se sentir especiais!)


E aí era ver o tipo usar os mais subtis jogos de sedução para me conquistar… e os menos subtis também! (Ficar nu à minha frente é bastante directo. Um ponto em “Assertividade” para o CR7.)


Engraçado foi, num desses momentos em que namorávamos (pudibundamente, lembrem-se) num parque ou jardim ou que era, ele dizer-me: “Tu cuidas tão bem de mim! Belisca-me, para eu acreditar que não estou a sonhar.” [Ora, pois não estavas a sonhar, CR. Eu é que estava, tá? Mas achei giro pores as coisas nesses moldes. (Que até fui eu que pus, porque quem escreveu o guião do sonho fui eu.)]


Além disto, o Cris tinha uma casa perto do Aeroporto de Lisboa, que era muito frequentada por… muita gente. Vi de tudo, desde sexo no sofá, entre duas pessoas tapadas com um lençol, até umas reuniões maçónicas com símbolos e bandeiras e coisas assim. Na casa do CR tirei tudo o que trazia nos bolsos e na mala (o BI, umas chaves, moedas – coroas suecas – e rebuçados “Flocos de Neve”) e fui andando com ele, para conhecer a casa. Tinha escadas para cima e para baixo e depois o andar de baixo era, de repente, o andar de cima outra vez. (nem nos sonhos o meu sentido de orientação me deixa bem vista!)


No dia seguinte, já ao fim da tarde ele mandou um carro com chauffeur vir buscar-me porque tinha muitas saudades minhas. E depois ligava-me e mandava SMS fofinhas. (ehehe, os media enchem-me a cabeça e eu nem dou conta !) Era o pesadelo de qualquer mulher independente… ou nem por isso!


O chauffeur era um bocado marado a conduzir e íamos batendo num autocarro que estava à nossa frente. Na minha janela apareceu um display para eu escrever o meu nome. Escrevi. Ao que parece ficou visível no topo do carro o meu nome, mas eu não sabia. As pessoas é que começaram a olhar para dentro do carro para ver se a cara era conhecida, uma vez que o nome não o era. Não, é claro que não me reconheceram. (o pior é que eu também não as reconheci… e não sei se estão a ver o preocupante da questão: fui eu que fiz o recrutamento e selecção do pessoal figurante no meu sonho!!!) J


Depois disto, quando cheguei ao pé do menino-prodígio, fomos passear de carro – eu a conduzir, ele acabou por adormecer – e depois fomos à caça. (Nem me atrevo a tentar interpretar…)



Ah pois é… quantas de vocês é que já foram à caça com o Cristiano Ronaldo? J Isto é só para gente muito marada. Mas muito marada mesmo…


13 de junho de 2009

...pedaço de bom caminho...

Todos os anos faço umas férias em família. Os meus pais, eu, o casal amigo dos meus pais e os dois filhos destes. Como nos conhecemos desde sempre e fazemos praia juntos todos os anos, este ano era só mais um. Sempre andámos à-vontade uns com os outros, fomos cúmplices nas saídas, encobríamos as escapadelas uns dos outros e sempre dormimos os três juntos. Sempre fomos tratados, quer pelos meus, quer pelos pais deles, como irmãos.


Naquela noite o irmão mais velho ia receber a visita de uma amiga recente que estaria de passagem ali por perto, em trabalho, e aproveitaria para ir tomar um copo e passar um bocado com o seu amigo. O outro irmão e eu ríamos que nem tontos, patrocinados por Cosmopolitans que pareciam ter sido preparados pelo próprio Tom Cruise em tempos que já lá vão.

Comecei a ficar cansada da noite e pedi ao mano mais novo para irmos andando. Ele também já estava cansado. É daquele tipo de homem que começa a rir e a dizer parvoíces quando fica com sono. Fica com os olhos amendoados, semicerrados, e ri-se por razão nenhuma. Íamos andando para casa; era eu que conduziria o carro dele. Apesar de ser novinho o rapaz conduz um descapotável. Como a noite estava quente (e ele fez questão disso) fez deslizar a capota e lá seguimos, eu arrepiada, ele feliz da vida, até nossas casas. A minha e a dele são paredes meias, mas o pátio e jardim são comuns, pelo que ficámos por ali recostados num sofá de exterior– daqueles de dossel que agora toda a gente insiste em ter… e ainda bem.

Ficámos a reviver memórias, a abafar o riso para não acordar os pais de ninguém e não ter de ouvir queixas durante o pequeno-almoço. Comecei a sentir frio e perguntei-lhe se queria subir comigo para me agasalhar. Disse-lhe, inclusive, que poderia dormir em nossa casa, como várias vezes fizera. Anuiu. Ficámos no meu quarto a falar e entretanto saí para me equipar para dormir. Top, calças de algodão, meias e caneleiras. Esta é a indumentária para um pré-sono. Enfiei-me na cama e continuámos as nossas conversas. Reparei por esta altura que, devido aos quatro anos de idade que nos separam, poucas vezes estivemos tão próximos. Sempre falei muito mais com o irmão, exactamente da mesma idade que eu, nascido 5 dias antes de mim. (Ninguém me tira da ideia que as nossas mães combinaram!)

Disse-lhe para vir para dentro dos lençóis porque a noite começava a arrefecer. Apagámos a luz e fomos dormir.


Pensava eu que íamos dormir. Passados longos minutos eu ainda não dormia. Chamei-o baixinho, pelo nome e soube que também não adormecera. Comecei a acariciá-lo na cara e nos ombros, para chamar o sono, e senti que estava a saber-lhe (tão) bem (como a mim) aquela partilha de mimo. Mantivemos a conversa em tom informal, sobre as coisas do passado e do presente. As mãos dele começaram a retribuir os gestos que eu lhe desenhava no corpo. Aproximei-me dele e não resisti a começar a dar-lhe pequenas dentadas nos ombros, na nuca, inclusive na cara. De barriga virada para baixo ele inspirava golfadas de ar em ritmos coincidentes com as trincas que lhe dava.


Os meus pais estavam a 30 cm de parece dali.



Não tive coragem de mimar o meu amigo como a minha libido pedia. Num acordo tácito mantivemos as mãos em zonas permitidas e as bocas longe uma da outra. Adormecemos de mão dada, não sem antes termos executado uma dança de carícias nas mãos, braços, cabeça e costas um do outro. Carícias dignas de um caso amoroso… utilizadas num caso amistoso. Durante a noite senti vontade de o acordar com um beijo na boca. Presumo que terá sentido o mesmo.


Ao amanhecer ouvi o lufa-lufa matinal da rotina dos meus pais e do pequeno-almoço que seria servido no jardim comum. Ao abrir os olhos senti como que uma vergonha, uma inibição por tudo o que se tinha passado durante a madrugada, no escuro. Ele continuava a dormir e não o acordei. Tomei banho e vesti-me. Fui ao jardim e vi a mãe dele sentada com a minha, à espera que servissem o pequeno-almoço. Cumprimentei as duas, disse que o mano mais novo dormira lá por casa e que estava ainda adormecido, ao que a mãe me pediu para o acordar pois tinha compromissos para essa manhã e não poderia atrasar-se muito mais.


Voltei ao quarto, ainda escurecido e não deixei os olhos habituarem-se à escuridão. Conheço bem os cantos do quarto e não demorei a estar de joelhos na cama, encostada à sua nuca, a dar-lhe os bons dias. Senti o sorriso a formar-se e já conseguia ver o branco dos seus perfeitos dentes. Dei-lhe um demorado beijo na bochecha e disse-lhe: “Anda, dorminhoco. A tua mãe já te chamou para ires tomar o pequeno-almoço no jardim.”

Sorriu novamente, puxou-me para si e deixando os meus lábios a poucos milímetros dos seus disse-me que eu cheirava bem. Inspirou-me a cara, o cabelo, o pescoço. Deu-me um abraço a que correspondi e soltou-me depois, dizendo que desceria dentro de poucos minutos. Fiquei com vontade de o amar ali. Forte, afastei-me, soltando-me da mão dele que ficaria esticada, no ar. Nunca cheguei a conhecer o sabor dos seus lábios.

10 de fevereiro de 2009

eu & tu no palco

Os homens são apressadinhos. E isso é equipamento de série. É que já nem se fabricam sem o serem. Trazem o chip da pressa tão metidinho, tão metidinho que não conhecem outra condição.



E hoje sim, apeteceu-me generalizar. Hoje é tudo farinha do mesmo saco. É tudo farinha Amparo!



Lá porque somos simpáticas ou afectuosas não quer dizer que estejamos de quatro. As mulheres são naturalmente afáveis, até mesmo as duronas têm este lado. E os homens acham que por sermos amáveis amantes, somos amores.


(Ei, ca burros!)



Actualmente os homens já não detêm a exclusividade do sexo-por-sexo. E eu nem sequer gosto particularmente dum affair sem suporte, sem algo que me seduza, sem me sentir envolvida, mas daí a ter de estar apaixonada para partilhar a cama… gimme a break!



O amor per si não me cativa. O amor é o que fica quando a paixão desmaia, e a mim não me convence. Por enquanto quererei ser (ou estar) apaixonada. E apaixonar-me-ei todos os dias, se preciso.



Mas falar-lhe (ou falar-me) disto parece-me contraproducente. Como o oblique gaze ou efeito prismático, em que se estivermos a olhar directamente para algo não conseguimos ver tão nitidamente como se estivermos de olhos semicerrados a olhar ligeiramente para o lado.



Também os sentimentos se olhados directamente perdem a sua essência. Quando demasiado esmiuçados começam a desvanecer-se e só uma alteração de perspectiva (foco) ou um piscar (fechar) de olhos funcionam como redefinidor de contornos.





(pena que esmiuçar seja defeito meu…)

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Gosto da paixão como gosto do plateau. Quase todos os (homens e mulheres) que conheço trabalham para o orgasmo. Correm para ele como se este lhes fugisse. Não me seduz sobremaneira, o orgasmo. Posso induzir-me vários, e desde criança os associo ao sono. Não são, por isso, uma prioridade.

O que me faz disparar os sentidos é o plateau, o pré-orgasmo; aquele estado letárgico, sublime, em que me domino, transcendo, excito e exercito. Se fosse uma maratona, eu correria 41km e ao percorrer o 42º, voltava para atrás. Correria até meio do percurso, voltaria a correr no sentido correcto, e andaria assim, de um lado para o outro, a evitar a meta. (Talvez não a correr – a saltitar, abanando os braços para me impulsionar).



Porque gosto de (me) explorar. E ao outro, de o cheirar e tocar e provar. Lamber--lhe os lábios devagar. Sentir a sua boca entreaberta. Deixar a minha mão percorrer- -lhe o corpo, abrindo caminho para que os lábios a imitem. Gosto de boquear (foi o verbo que inventei agora para traduzir algo com “tactear com a boca”). Gosto de cheirar o homem com quem estou. Gosto de o lamber.



É assim que sou. Tenho a maior das dificuldades em ser compreendida pelos homens que se sentem diminuídos na sua masculinidade ao repararem que não estou ali pelos orgasmos múltiplos. Poor guys. Eu não preciso que me "dêem" orgasmos! Seria como oferecerem-me lingotes de ouro; guess what?, tenho uma despensa cheia! Eu gosto, claro, são prazeirosos, mas esses orgasmos construídos em trinta segundos uso-os basicamente para combater a insónia.


O que me move é o prazer de ficar horas a fio a contemplar, admirar, esculpir, tactear o meu e o seu corpos. Construir um plateau onde fique a aproveitar-me dos seus recursos, do seu empenho, da sua energia. Não andar a pensar que orgasmos simultâneos é que são bons. Não são. Os deles duram três, os meus bastantes mais segundos. Há uma lacuna grande em que, devido ao estado de "sensibilidade" dele, não tenho o feedback pretendido. Trabalharem ou dedicarem-se os dois a um mesmo objectivo é muito mais profícuo.







20 de janeiro de 2009

so... CUM AND GET IT!!!


…E quando uma pessoa pensa que já viu tudo…





…encontra-se por acidente, inbound Londres, com uma antropóloga cinquentona, de ascendência polaca, casada com um egípcio, que tem casa nas Caldas da Rainha.





Até aqui nada de impressionante…





A antropóloga está neste momento a colaborar no lançamento de uma revista britânica. Mostrou-me o nr. 0 da revista, que está muito bom. Then again, vão ter de ser feitas algumas alterações no #1, porque o #0 mostra “too much skin”. E mostra. Após demorada conversa, em que os pontos em comum são sempre enaltecidos, surge o entusiasmo em conhecer outras pessoas, contactos trocados, convites feitos, convites aceites. Sou capaz de colaborar com a revista em breve.



A revista, entre vários artigos interessantes, tinha uma nota que me deixou curiosa. Ou desconfiada. Uma das duas.

Uma receita chamada “creamy cum crepes”. Sim, é mesmo isso. (Se houver alguém interessado em conhecer a receita eu envio-lha). Fui procurar o livro de onde essa receita foi tirada.


Chama-se Natural Harvest e diz assim:


“Semen is not only nutritious, but it also has a wonderful texture and amazing cooking properties. Like fine wine and cheeses, the taste of semen is complex and dynamic. Semen is inexpensive to produce and is commonly available in many, if not most, homes* and restaurants. Despite all of these positive qualities, semen remains neglected as a food. This book hopes to change that. Once you overcome any initial hesitation, you will be surprised to learn how wonderful semen is in the kitchen. Semen is an exciting ingredient that can give every dish you make an interesting twist. If you are a passionate cook and are not afraid to experiment with new ingredients - you will love this cook book!”


"Querido, já estragaste tudo*!!!
Não te disse que queria fazer pudim?"








*E lá está: e se se acaba?? Não é propriamente como a farinha, que se vai pedir ao vizinho do 2º esquerdo (que por sinal é bem giro...)!!!

19 de janeiro de 2009

G-l-o-v-e-s

Se não pretendes dar continuidade imediata ao meu tesão não puxes por mim. Não me seduzas devagarinho, não me cheires a mão para rescender os vestígios das luvas de pele que acabei de descalçar. Não me pegues na mão assim, delicadamente. Não o faças. Isso excita-me. Apenas não o faças.

Temos zero em comum. Apenas os minutos em que não há olhos abertos à nossa volta (excepto um barman que testemunhou a troca de uns beijos esfomeados). O catalisador é sempre a noite. A saída. A bebida. O proibido.

E os nossos olhos fazem sempre o mesmo: fecham-se e fingem. E ali não é preciso mais nada.

(Deixa-te ir, bolas!!!)

Quando te toco não penses sobre isso, deixa-te ir. Ou então não, mas sê coerente. (Já sei: és coerente com a tua vontade…)

Não me dês a boca quando vou despedir-me de ti e procuro a face. Se a procuro é para marcar uma posição. Algo como “não penses que é quando tu queres”. Mesmo que de facto seja, pretendo fingir [para ti e para mim] que estamos em pé de igualdade. Só para fabular sanidade.

Ah, e não me fales do perfume partido de outra pessoa. (Já agora).

9 de dezembro de 2008

...

Um dia gostava de não gostar nadinha de ti. Um dia gostava que esse dia fosse já amanhã. Ou hoje. Mas amanhã era melhor, para hoje ainda poder gostar.

Um dia gostava de saber porque teimo em ser teimosa. Um dia gostava de ser diferente. Um dia. E saber o que seria se não fosse eu, mas outro alguém no meu corpo com o teu. Só para saber se esse alguém faria o que eu faço, como te receberia, se se aninharia como eu, vulnerável a ti.

[Mas isto não é sobre ti - é uma coisa minha].

Um dia gostava que não querer saber tanto, de não pensar tanto, de não empreender tanto. Um dia gostava de não me empenhar, de não me iludir. Mas eu adoro a ilusão… Gosto do sentimento que produz[o].

Gosto de saborear sentimentos. De os alimentar, de lutar contra uns, de permitir que floresçam outros. Gosto de falar com os meus sentimentos, de os escutar e de lhes ralhar se preciso for. Nem estou a falar de correspondência. Gosto de saber amar, ou de aprender a amar. E gosto de brincar comigo e com aquilo que sei sentir. Gosto do frenesim que é gostar. Gosto de poder chamar ao sentimento o nome que me aprouver; quer lhe chame paixão ou desejo ou amor representa algo só meu e tão indescritível que nunca será igual ao amor, desejo ou paixão que sentirás por alguém.

Por isso é que não procuro [e não encontro] definições. Procuro gestos. Dizem-me mais, falam comigo, chamam por mim. Procuro os olhos e o sorriso. Procuro o ténue tremor dos lábios, procuro o olhar desviado à procura duma memória, duma novidade, duma mentira. Procuro as mãos de dedos irrequietos, o olhar esquivo. Procuro a provocação, o limite, o êxtase. Procuro os dedos entrelaçados e a respiração tranquila. Procuro fugir da tempestade da rua e ouvir-te a rir, tímida ou aparatosamente. E procuro o arrebatamento, a perda de energia.

Procuro sofrer desmesuradamente se isso me fizer feliz. :)

3 de dezembro de 2008

mamas?!?!

- Acho que trouxe um decote demasiado profundo – disse eu, ao fim de estarmos praticamente quarenta minutos a falar sobre o dia, o trabalho e os problemas inerentes.

Era óbvio que, se eu trazia um decote como aquele, era para ser notado e, já agora (uma vez que não estamos sujeitos a grandes “inibições”) era digno de um comentário tão amplo como a área descoberta do meu colo.

Evidentemente, para ser comentado. E, mais do que isso, durante os primeiros minutos, para assim eu ver reconhecido o esforço de produção visual.

- Sim, também achei quando chegaste. Fica-te muito bem. Não é exagerado, só profundo. Fazes de propósito. Vinhas a andar e as tuas mamas saltitavam.

- “Mamas”?!?

- Sim, mamas. Então? Não posso chamar-lhes assim? Que queres que lhes chame? Se chamar “maminhas” vais dizer que estou a menosprezá-las… e não é o caso. Eu sei que usas wonderbra com esse vestido. Também não vou dizer “chuchas” senão vais perguntar “Pensas que estás a falar com os teus amigos?”. Então não sei como dizer: “seios” é demasiado formal, parece que não sou eu que lhes toco todos os dias. “Mamas” é um termo claro e não ofensivo. Não traz mal-entendidos e não ficas a pensar coisas. Sim, porque tu pensas demais.

- Hum. Está bem. “Mamas”. Pode ser. (Porra!)

29 de outubro de 2008

sorrio

O dia útil começa lá fora mas como estamos juntos não consigo descolar-me do seu corpo; o sol já nasceu há horas e a minha preguiça pede-me para ficar imóvel outro minuto; vou buscar mais um pouco do seu calor – visto-me com o corpo dele. Assim, agasalhada, a sua pele é-me tão familiar. Confundo-a com a minha.

Perco a noção do tempo. Um minuto fez-se uma hora. Cada vez que se mexe deixo que um olho acorde sozinho e o espreite, garantindo que está bem.

Não resisto. Fico assente no seu sono imperturbável, na sua paz aparente e sinto a vontade (quase) incontrolável de o acordar, esgotar, sorver.

Por momentos esqueço o tantra e penso em abusar dele até soarem os alarmes sensoriais. O shiva e o shakti que se lixem! Que arda no meu prazer o livro do Imperador Amarelo! Sinto o impulso para a comunhão – the urge to merge.

E depois desta quimera olho-o e vejo-o dormir descansado. Toda esta paz, esta calma amansam a minha sede [ou fome]. Inspiro-o. Cheiro-o. Agarro-me a ele como se em breve ficássemos separados por meio oceano. Inspiro-o. Cheiro-o. Não quero saber de mais nada senão dele, agora. Não vou sentir fome nem frio nem desconforto nem medo nem embaraço nem nada. Só isto. Vou deixar-me ir nos seus dedos, vou percorrer o seu corpo e esticar o tempo a meu bel-prazer. Vou beijá-lo. Não resisto e sorrio ao beijá-lo. É mais forte que eu, mas a minha felicidade aparece-me primeiro na boca. Sorrio.

Quando não está a reparar fixo-me nele. Vou fechando os olhos e verificando quão aproximada está a imagem real da mental. Faço uns ajustes e sorrio. Sou mesmo pateta. Mas gosto. Gosto de ser assim, de o esboçar na cabeça para ter a certeza que sou fiel aos cinco sentidos. A pele é aquela e não outra. O cabelo escrupulosamente alinhado. O cheiro é aquele, e aquele cheiro é meu. Fui eu que o cheirei, já o inspirei, é meu! O seu beijo traz água [no bico]. E o seu som… nenhum. Silêncio. No meio das inspirações curtas, destaca-se uma ou outra profunda e preparo-me para registar a expiração doce. [Já está!].

Inspiro-o. Cheiro-o. Guardo-o.

Sorrio. Deixo-o ir. Sorrio.