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12 de dezembro de 2010

7 de abril de 2009

limites

Em conversa com um amigo que está a dar os primeiros passos na Língua Portuguesa fui questionada sobre uma série de expressões coloquiais que, apesar de parecidas, podem induzir em erro os mais incautos e levar a algum desconforto por parte de quem ouve.

Começou por perguntar-me o que queria dizer pedra. Se pedra era aquilo que há na rua.

“Sim", disse eu, “pedra, seixo, rocha, calhau, são todos sinónimos.”.

Aí ele disse-me que tinha ouvido uma amiga a dizer “és uma pedra” a um tipo, com um semblante bastante simpático e elogioso.

“Aaaaaaaaah. Isso! Sim, nós podemos dizer que alguém é porreiro, fixe, cool, chamando-lhe «uma pedra».” E aí lembrei-me: “Mas se o intuito for insultar, chamá-lo de estúpido, aí dizes «és um calhau!» Tens é de ter atenção para não trocares «calhau» com «pedra»”.

Ok, a tarde estava definitivamente para aparvalhar...

Entre uns tremoços (meus) e umas moelas (dele) continuámos na conversa do que era ser fixe e de como se diz a alguém que é fixe. Outra expressão que usamos é “cool”. Ser cool é, na língua dele e na nossa, a mesma coisa. Mas acautelei-o: não deve usar a tradução para português de nenhuma maneira.

Dizer a uma miúda que ela é fria, é dizer que ela é má; dizer que ela é fresca, quer dizer que ela é atiradiça ou leviana; dizer que é frígida é garantir um passaporte para a sopapolândia.

Mas os adjectivos relacionados com a temperatura não acabam aqui. Do mesmo modo que temos adjectivos frios, também temos adjectivos pessoais de índole mais “quente”. Dizer que uma gaja ou relação é tórrida é diametralmente oposto a dizer que a mesma gaja ou relação é queimada! Chegámos à conclusão que mais vale manter as conversações num nível mais “rudimentar” e não pensar em grandes voos. (E desculpar-se, sempre que uma desconfiada sobrancelha feminina se arqueie, com o facto de não ser português… afinal é uma questão de amplitude térmica e requer sensibilidade linguística!).