19 de janeiro de 2009

umbi

Hoje, comichosa como sou, vou debruçar-me sobre o umbiguismo.

Os umbiguistas são aqueles que só olham para si mesmos, para o seu umbigo. São ensimesmados e, por isso, tacanhos.

Sim, vou tecer uma enxurrada de adjectivos não muito simpáticos sobre essas individualidades.

Há pessoas que são super divertidas ou animadas ou isto ou aquilo mas que sofrem da síndroma do filho único, quer realmente o sejam quer não.

O filho único é aquele que (por incapacidade congénita, posso admitir em teoria) não consegue pensar nos outros – a não ser, claro, que isso lhe traga algum proveito ao nível do bem-estar.

É que nem sequer é necessariamente uma pessoa perniciosa. É apenas deficiente! Sem capacidade ou habilidade para pensar além do espaço físico que ocupa. Não consegue perceber que lá porque tem calor os outros podem não ter; lá por ter sono, a sua tenção de dormir não prevalece sobre a dos outros. A sua intenção de comer não implica a intenção de mais ninguém.

Os meus horários e vontades são meus. Se só me apetece determinada coisa a determinada hora, fá-la-ei. Não impedirei, no entanto, que as vontades dos outros se concretizem. Os umbigueiros são assim como eu, mas nem pensam naquilo que quem está ao lado possa querer.

Até pode ser uma pessoa extremamente cavalheira, gentil e atenciosa na porção “social” da sua vida, mas é extremamente deformado e egoísta no quinhão “íntimo” da sua personalidade, independentemente disso.

Nem sequer o fará com más intenções. A questão está em ser-se uma pessoa que nem sequer pensa ou considera as pessoas que os rodeiam.

Nunca ninguém lhe disse “és um egoísta de merda” e, se calhar por isso, nunca se dedicou a olhar para os outros como iguais a ele. Se calhar é isso mesmo. Esta incapacidade vem de se julgar um ser perfeitamente incrível e excêntrico, cheio de tão grandes qualidades que tem de ver satisfeitas as suas necessidades (todas e imediatamente) não obstante as tenções, vontades ou birras de quem o rodeia.

E estou-me nas tintas para aquilo que o umbigueiro diz sentir. Isso não compensa nada. Preferia que estivesse calado e que me pusesse em primeiro lugar uma ou outra vez, nem que fosse só para experimentar.

Mas o altruísmo não é bem a onda dessa malta, percebo.

[Deviam arriscar porque até sabe bem.]

E daí,

se sabe bem já não é altruísmo… é igualmente umbiguismo, egoísmo, a procura duma simbiose hedonista, só que conquistada a partir dum preliminar abnegado e filantropo.

Ou seja… é melhor ainda, parece-me a mim.

Tenta.

It's a win/win situation!

2 comentários:

J. Maldonado disse...

É uma vexata quaestio. :/
Devemos sempre cultivar a nossa autonomia pessoal de modo a sermos independentes moral e materialmente. Isto não quer dizer que seja um acto egoísta, mas de intimismo ensimesmado.
Não podemos ser demasiado gregários, senão não amadurecemos para a vida. Não podemos estar sempre a contar com os outros para que possamos subsistir, há que ser-se autónomo, porém altruísta. Ou seja, vivermos sós, mas sem deixar de ajudar quem precisa do nosso apoio...

de Marte disse...

A questão é que há pessoas naturalmente predispostas a pensar em mais do que um umbigo. E outras nem por isso!
É complicado.
Isto caberia também na cena das causas perdidas! :D
Se calhar é melhor eu arranjar uma tag com esse nome pra ir colocando nalguns posts... ;)

Thx, Maldonado.
Kisses.
Mars