10 de fevereiro de 2009

eu & tu no palco

Os homens são apressadinhos. E isso é equipamento de série. É que já nem se fabricam sem o serem. Trazem o chip da pressa tão metidinho, tão metidinho que não conhecem outra condição.



E hoje sim, apeteceu-me generalizar. Hoje é tudo farinha do mesmo saco. É tudo farinha Amparo!



Lá porque somos simpáticas ou afectuosas não quer dizer que estejamos de quatro. As mulheres são naturalmente afáveis, até mesmo as duronas têm este lado. E os homens acham que por sermos amáveis amantes, somos amores.


(Ei, ca burros!)



Actualmente os homens já não detêm a exclusividade do sexo-por-sexo. E eu nem sequer gosto particularmente dum affair sem suporte, sem algo que me seduza, sem me sentir envolvida, mas daí a ter de estar apaixonada para partilhar a cama… gimme a break!



O amor per si não me cativa. O amor é o que fica quando a paixão desmaia, e a mim não me convence. Por enquanto quererei ser (ou estar) apaixonada. E apaixonar-me-ei todos os dias, se preciso.



Mas falar-lhe (ou falar-me) disto parece-me contraproducente. Como o oblique gaze ou efeito prismático, em que se estivermos a olhar directamente para algo não conseguimos ver tão nitidamente como se estivermos de olhos semicerrados a olhar ligeiramente para o lado.



Também os sentimentos se olhados directamente perdem a sua essência. Quando demasiado esmiuçados começam a desvanecer-se e só uma alteração de perspectiva (foco) ou um piscar (fechar) de olhos funcionam como redefinidor de contornos.





(pena que esmiuçar seja defeito meu…)

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Gosto da paixão como gosto do plateau. Quase todos os (homens e mulheres) que conheço trabalham para o orgasmo. Correm para ele como se este lhes fugisse. Não me seduz sobremaneira, o orgasmo. Posso induzir-me vários, e desde criança os associo ao sono. Não são, por isso, uma prioridade.

O que me faz disparar os sentidos é o plateau, o pré-orgasmo; aquele estado letárgico, sublime, em que me domino, transcendo, excito e exercito. Se fosse uma maratona, eu correria 41km e ao percorrer o 42º, voltava para atrás. Correria até meio do percurso, voltaria a correr no sentido correcto, e andaria assim, de um lado para o outro, a evitar a meta. (Talvez não a correr – a saltitar, abanando os braços para me impulsionar).



Porque gosto de (me) explorar. E ao outro, de o cheirar e tocar e provar. Lamber--lhe os lábios devagar. Sentir a sua boca entreaberta. Deixar a minha mão percorrer- -lhe o corpo, abrindo caminho para que os lábios a imitem. Gosto de boquear (foi o verbo que inventei agora para traduzir algo com “tactear com a boca”). Gosto de cheirar o homem com quem estou. Gosto de o lamber.



É assim que sou. Tenho a maior das dificuldades em ser compreendida pelos homens que se sentem diminuídos na sua masculinidade ao repararem que não estou ali pelos orgasmos múltiplos. Poor guys. Eu não preciso que me "dêem" orgasmos! Seria como oferecerem-me lingotes de ouro; guess what?, tenho uma despensa cheia! Eu gosto, claro, são prazeirosos, mas esses orgasmos construídos em trinta segundos uso-os basicamente para combater a insónia.


O que me move é o prazer de ficar horas a fio a contemplar, admirar, esculpir, tactear o meu e o seu corpos. Construir um plateau onde fique a aproveitar-me dos seus recursos, do seu empenho, da sua energia. Não andar a pensar que orgasmos simultâneos é que são bons. Não são. Os deles duram três, os meus bastantes mais segundos. Há uma lacuna grande em que, devido ao estado de "sensibilidade" dele, não tenho o feedback pretendido. Trabalharem ou dedicarem-se os dois a um mesmo objectivo é muito mais profícuo.







6 comentários:

J. Maldonado disse...

Muito interessante este conceito de relações humanas. :D
De facto o compromisso é o aburguesamento da paixão. Também não me convence...

de Marte disse...

Quando acordei, olhei para o texto e desorganizei alguma ideias. Já estava publicado, é certo, e agora foi revisto e alargado.
As gajas são umas inconstantes, é o que te digo, Maldonado.
Por isso é que não quero uma para mim. Aturem-nas vocês!!!!

:P

afectado disse...

Ler-te é um prazer :)

Os homens que se sentirem diminuídos por essa tua postura é porque já são pequenos de mentalidade naturalmente...

de Marte disse...

Eheheh,
mas entre o falar e o fazer vai uma graaaaaaaaaande distância... como daqui a Marte!

;)

afectado disse...

quer dizer que tu falas falas e não fazes? :P

de Marte disse...

Tá ensandecido, o homem! :) que falo muito, lá isso falo. o que faço (ou quão faço) não interessa. Faço o que faço.
:)
(boa respota para não dizer nada...)