9 de dezembro de 2008

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Um dia gostava de não gostar nadinha de ti. Um dia gostava que esse dia fosse já amanhã. Ou hoje. Mas amanhã era melhor, para hoje ainda poder gostar.

Um dia gostava de saber porque teimo em ser teimosa. Um dia gostava de ser diferente. Um dia. E saber o que seria se não fosse eu, mas outro alguém no meu corpo com o teu. Só para saber se esse alguém faria o que eu faço, como te receberia, se se aninharia como eu, vulnerável a ti.

[Mas isto não é sobre ti - é uma coisa minha].

Um dia gostava que não querer saber tanto, de não pensar tanto, de não empreender tanto. Um dia gostava de não me empenhar, de não me iludir. Mas eu adoro a ilusão… Gosto do sentimento que produz[o].

Gosto de saborear sentimentos. De os alimentar, de lutar contra uns, de permitir que floresçam outros. Gosto de falar com os meus sentimentos, de os escutar e de lhes ralhar se preciso for. Nem estou a falar de correspondência. Gosto de saber amar, ou de aprender a amar. E gosto de brincar comigo e com aquilo que sei sentir. Gosto do frenesim que é gostar. Gosto de poder chamar ao sentimento o nome que me aprouver; quer lhe chame paixão ou desejo ou amor representa algo só meu e tão indescritível que nunca será igual ao amor, desejo ou paixão que sentirás por alguém.

Por isso é que não procuro [e não encontro] definições. Procuro gestos. Dizem-me mais, falam comigo, chamam por mim. Procuro os olhos e o sorriso. Procuro o ténue tremor dos lábios, procuro o olhar desviado à procura duma memória, duma novidade, duma mentira. Procuro as mãos de dedos irrequietos, o olhar esquivo. Procuro a provocação, o limite, o êxtase. Procuro os dedos entrelaçados e a respiração tranquila. Procuro fugir da tempestade da rua e ouvir-te a rir, tímida ou aparatosamente. E procuro o arrebatamento, a perda de energia.

Procuro sofrer desmesuradamente se isso me fizer feliz. :)

4 comentários:

Concha disse...

Eu, penso ser assim,
talvez seja um pouco assim,
assim assim...
E a tudo isto chama-se: Pertinácia!
Não há nada a fazer.
É mesmo assim!!!

Abraço

de Marte disse...

Concha,
pelos vistos és muito assim, ou mais ou menos assim, ou nem tanto assim, ou nada assim!
Há dias assim...
:)

Beijos de Marte

J. Maldonado disse...

Eis uma interessante antinomia de afectos... És um poço de contradições, pelos vistos. :D
Amar é sofrer, não existem amores fáceis... :|

Martini disse...

gostei muito :)