No período de férias (como noutro qualquer) não suporto enchentes. Perdoem-me os betinhos esturricados que rumam ao Algarve para se passearem na Kadok, no Terrace Bar, no Cais ao Rio ou, last but not least, na marina de Vilamoura, pelo bar do Figo a tirar fotos ao pé das camisolas suadas do jogador. Não tenho a mínima vocação para estar abafada em marés de gente. Parecem bandos, todos a andar o mesmo sentido, uns atrás dos outros, deslocando-se só porque o companheiro da frente também o fez. Este é o tipo de locomoção insconsciente, como aquela que fazemos, por exemplo, quando atendemos o telemóvel! Andamos para trás e para a frente, damos a volta às mesas, parecemos tontinhos. É o mesmo no Algarve (como um pouco por toda a costa Portuguesa): o Zé Manel (com o seu farnel, os seus três filhos anafados e a sua Maria) vai para a praia, monta o estaminé e põe a barriga de melancia ao sol. Já outros, na mesma praia, mas algo afastados, despem os seus polos Lacoste, atiram com os Façonnable, as LV, Prada, DKNY e Gucci para a areia e divertem-se a parecer ser o que não são - tiozorros chiques e montados na grana. Põem protector colorido no focinho do Martim, do Lourenço, do Bernardo, do Santiago, da Carlota, da Maria e da Caetana (todos vestidos a combinar) e ficam a torrar ao sol para dizerem aos colegas do escritório que as Maldivas estavam es-pec-ta-cu-la-res este ano!!! Os verdadeiros tiozorros estão branquinhos. Trabalham que nem mouros, não conhecem feriados, pontes nem férias... e os aniversários dos membros da família têm de ter marcação na agenda e são comemorados com a entrega de um cheque chorudo (ou o Visa entregue em mão) e substituem, não poucas vezes, as palavras "parabéns" ou "amo-te". Os verdadeiros senhores do dinheiro não vão à praia, não se expõem, não se exibem. Trabalham!!!!!
Já dizia o povão: quem quer peixe molha o cu!
1 comentário:
Infelizmente é o kitsch tipicamente português...
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