Deixa-me ver se percebi:
A Constituição da República, no
seu Artigo 13º (o da Igualdade), proíbe a discriminação baseada,
entre outros, no género, certo? Certo.
Uma altura houve em que até foi criado um pelouro, (novamente, o da Igualdade), para combater essas injustiças,
lembram-se? Lembram-se com certeza.
Bolas, então e o Chico Balsemão não
sabia disso quando pensou na Sic Mulher?? Ninguém viu aqui uma tremenda inconstitucionalidade?
Ou o Chico tem estatuto especial no Mundo por ser um menino-bonito do grupinho Bilderberg?
Há alguma paridade nesta coisa da
Sic Mulher? Onde é que está a Sic Homem?? Onde é que está um canal que mostre os
interesses masculinos?, por exemplo carros e tipas nuas - ou semi?? Ou melhor ainda: carros
à barda conduzidos por tipas nuas - ou semi-, em circuitos dentro de estádios olímpicos,
enquanto no meio se joga uma bela partida de um qualquer desporto colectivo, (disputado
por… mulheres nuas - ou semi)? E, já agora que estamos numa de pedir desejos, o programa TV Turbo despedia a caixinha-de-óculos e punha a
Sasha Grey como apresentadora...
Só há mentes brilhantes para ir
falar às Tardes da Júlia ou às Manhãs da Fátima, é? Só há cidadania activa
a partir das 02h30 da matina, para ligar para o Quem Quer Ganha? Lembrarem-se
de ler a Constituição é que não, né? Deve ter herpes, o livro.
Outro exemplo é o dos ginásios,
ambiente inicialmente másculo, tresandante a testosterona: quem é que deixou
criar ginásios só para mulheres? Quem é que, do alto da sua capacidade
inventiva, decidiu desbravar o inatacável caminho na não-paridade-desde-que-seja-a-favor-das-mulheres?
Não é que os homens tivessem
grande interesse em ir para esses ginásios dos circuitos de 30 minutos, ver as
celulites dar luta às madames, mas isto não é uma questão individual, é um assunto
moral. Lixa-me pensar que um gajo não possa ir a um ginásio destes. Quem é que
quer ir para um ginásio onde não há gajos? Quem é que põe a hipótese de ir para
um ginásio sem ser para exibir as formas, lançar guinchos lânguidos de exaustão
fingida, morder o lábio every now and then (quando o PT, coincidentemente, está
a olhar), empinar o rabo, corrigir a postura elevando o peito até parecer que se
subiu mais um degrau no alfabeto-da-medida-dos-soutiens? Quem é que sequer pondera
frequentar um sítio onde não se pode engatar alguém?; onde, fruto do horário
serôdio, uma tipa não pode enganar-se na porta e entrar, distraidamente, noutro
balneário? (Eu sei quem é que já lá foi parar… J)
Pronto, entusiasmei-me: retomemos
o fio à meada.
O que eu queria era ver alguém ousar
abrir um ginásio que dissesse, na porta, “MENINA NÃO ENTRA”. Era a prostituta
da insanidade: vinham os media para cobrir o acontecimento, apareciam os grupos
de feministas a querer queimar as camisas xadrez de flanela em frente à Assembleia
da República. E isto sim, era uma hecatombe, se tivermos em consideração que estas não usam soutien nem
fazem depilação. (Compreende-se assim que a flanela seja um mal menor…). Enfim, tudo
era possível se se pensasse num ginásio “machos-only”. Ah pois, mas como são ginásios para mulheres já se pode brincar às inconstitucionalidades,
não é?
Afinal queremos igualdade, desigualdade ou something in between? J