A arte de flirtar é algo que nunca dominarei.
E não digo isto com o mínimo de angústia: prefiro deixar-me levar, construir a dois, do que dominar e pôr em prática um “modelo”.
Creio que o processo que leva à aproximação de duas pessoas é… estimulante.
Conhecem-se, aproximam-se, fazem concessões; discutem, trocam informação, baixam as guardas. (Estou a ser o mais clara possível para saberes que estou a falar de ti).
Ambos sabemos que andamos a apalpar terreno e sabemos que isto… é o que é e nada mais.
Com prazos pela frente e dois feitios complicados, muitíssimas agravantes fazem com que eu me reprima nalgumas coisas.
Voltemos ao flirt.
Gosto do jogo do gato e do rato, das palavras com dois sentidos, da maneira como tudo é dito até um limite e as interpretações ficam na consciência de cada um. Gosto disto contigo. Não é algo que costume fazer. Creio que costumo ser mais “directa”, menos encantada.
Por agora ando extasiada, maravilhada, atraída, cativada, encantada contigo. Principalmente por não me caíres nos braços com facilidade. A tua luta aguça a minha vontade. O teu afastamento e aproximação q.b. potenciam o meu desejo.
Tenho fantasiado inúmeras cenas, umas corriqueiras, outras mais tórridas, em que és personagem principal. Tenho pensado muito em ti, em quem és, no sabor que terás. Quero ficar a escutar-te horas a fio, quero ver-te sentado, a fumar, no largo parapeito da minha janela antiga, com cornucópias de fumo a saírem-te pela boca. Quero fotografar-te a dormir, quero beijar-te para que acordes, quero fazer amor contigo de manhãzinha e ouvir-te gemer discretamente como, aliás, parece ser teu apanágio em tudo.
Quero conhecer-te e saber o que pensas sem que o digas. Quero perceber as tuas manias e os teus caprichos. Quero jantar contigo, beber contigo, namorar contigo, passear contigo. Quero dar-te a mão na rua e beijar-te sem motivo, como os garotos.
Quero que partas com esta recordação minha. Que me guardes num cantinho novo, livre de jornalistas.