De luzes apagadas, fico a ressacar. Noutro dia qualquer estaria a preparar-me para sair, para ir jantar fora.
Não hoje.
Hoje estou a fingir-me acompanhada. O rádio e a tv trazem-me ruído. O telemóvel e o computador ligam-me a toda a gente menos a ti. Estou habituada ao teu som, mas é este que tenho agora. (Chama-se silêncio, apesar de tudo).
Não consegui chorar senão hoje. De tristeza ou alívio ou felicidade ou sei lá. Nada o faria prever e eu estava desarmada – amorfa e desprovida de defesas. Na cama, sem que desse conta, duas lágrimas quentes e doridas caíram. Trouxeram com elas o choro convulsivo, as muitas inspirações curtas e as expirações largas e vocalizadas. Eram só sentidas, não magoadas.
Não consigo homenagear-te de modo justo. Não há palavras para te definir, para te mostrar quão melhor sou por tua causa.
Agora vou fingir pesar quando sinto felicidade e gratidão?
O que para ti foi um fim, para mim foi um suspiro. O que para ti foi um acumular, para mim foi um libertar. (Não de ti, não sejas palerma. Tens a mania de te vitimizares. Não o faças. Pelo menos não hoje, que te ouço na cabeça).
Estou feliz e serena e triste e irritada. Estou cheia de certezas quanto aos devaneios, mas continuo sem projectar e sem vontade de o fazer. Estou calma e sorridente porque ignoro o que me espera nas noites e dias e noites e dias de inquietação, de estranheza, de solidão.
E, no entanto, não consigo ficar triste. Sei que é o esperado, o “normal”…
Só consigo sentir irritabilidade, algum descontrolo, impulsividade... que são sentimentos carregados de energia, por definição! E a minha energia uso-a como bem me aprouver!
Agora vou viver o meu luto. À minha maneira homenagear-te-ei. Sempre. Porque sou melhor agora. Conheço-me melhor agora.
Sou mais eu assim, sem ti.
2 comentários:
O importante é não te deixares abater...
Abater, não.
Mas nas noites de neura, insónia chuva ou outra desculpa mínima qualquer, já tenho com que entreter os miolos, pois então...!
:D
Beijinhos, Maldonado
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