13 de abril de 2011

às quatro da madrugada

Já num estado avançado de flirt, em que o “fazia-te isto/aquilo/assado/cozido” eram rotinas diárias de atiçamento via sms:
- Achas que é seguro eu ir a essa festa?
- Se tiveres problemas cardíacos é melhor não apareceres porque não trago lingerie.

Tal como previsto, dado o teor da mensagem, ele apareceu. Apareceu para comprovar a inexistência de roupa interior. Apareceu para me levar para a cama. Apareceu porque eu já tinha marcado no meu calendário que aquele era o dia em que ele ia ser devorado.
No meio de muita gente conhecida fizemos o que nos competia e fingimos a mútua indiferença. Trocámos uns olhares, sussurrámos provocações dignas de filme de adultos e tocámo-nos desavergonhadamente em gestos disfarçados de atribulação ou simples falta de jeito.
Os Hendrick’s desapareceram a uma velocidade anormal, que associo a pura ansiedade. Pedi a um amigo que me levasse a casa e despedi-me de toda a gente, inclusive do homem por quem andara a suspirar nos últimos dias – e nesta noite em particular.
Saí e enviei um sms a dar-lhe as indicações para ir ter a minha casa. Presumo que tenha voado até mim porque demorou pouco mais que eu a chegar. Esperei por ele à porta do prédio, do lado de dentro. 
Abri-lhe a porta.
- Sempre deste com isto, hein? – disse, abrindo a porta e afastando-me o suficiente para que não tivéssemos de nos cumprimentar de maneira nenhuma.
- Sim, foi bastante fácil. Desculpa se demorei…


Dirigimo-nos para o elevador. Não tivemos de esperar, visto que ainda lá estava o mesmo em que eu descera. 
Corre a porta – abre-se. 
Entramos. 
Corre a porta – fecha-se. 

[Freeze. Este momento é crucial.
Eu sei porque é que ele está ali, ele sabe porque é que o recebo ali. Estamos ambos fartos de prometer e prever encontros sexuais, de descrevê-los com pormenores vistos, certamente, em filmes. Eu sei que, não tarda, estaremos engalfinhados em coreografias sensuais copiadas, outras só pensadas, outras muito desejadas ou trazidas de boas experiências anteriores. Sei que vou conhecer-lhe a boca, as mãos, a língua, o ventre, o peito, … e, conhecendo-me como conheço, sei que vou proporcionar-lhe um momento-cama digno duma experiência d’A Vida É Bela.]

Inspiro fundo e encosto-o ao espelho do elevador.

2 comentários:

Sofa Surfer disse...

Gostei dessa tua experiência, mas e o resto? fica no segredo das divindades de Marte?

Bjo grande,
sofasurfer

F00L77 disse...

GOSTEI DE TODO O EROTISMO.

pOR SER ASSIM E QUE NÃO HA DECRIÇÃO DO RESTO AMIGOS.....E MESMO ASSIM DE FICAR COM A AGUA NA BOCA.

mUITO BEM ESCRITO MARCIANA