6 de junho de 2010

"desculpa, mas não vai dar"

Encontrámo-nos na discoteca onde nos conhecemos. Persegui-o com o olhar durante alguns minutos para o analisar e ver quão desconfortável ficara por me ver outra vez – a primeira desde que mandara um sms a dizer “Desculpa mas não vai dar”. Foram 3 meses de actividade sexual intensa, de concretização de uma série de fantasias e, no fim, um sms. Nem um “não és tu, sou eu”, nem um “um dia vais encontrar um tipo fantástico que te vai fazer feliz”. Eu não o queria para nada, mas uma conversa de café, entre pessoas adultas, resolve estas coisas. Desde o dia da mensagem ando com um saquinho no carro com coisas que ele fora deixando por minha casa. Como sabia que inevitavelmente havíamos de nos cruzar, prescindi de ver os seus pertences espalhados por minha casa. Tem sorte que eu não os tenha incinerado…
Hoje, por azar, tinha vontade de me divertir. Vamos ver se ele não me estraga a noite.
Vem ter comigo e com as minhas duas amigas, que já conhece, e cumprimenta-nos. Empresto-lhe o meu melhor sorriso mas depressa o guardo para não o gastar inutilmente. Faz conversa de ocasião, leva respostas de ocasião, tudo misturado com alguma raiva. Ainda não recompus o ego – não que me tenha despedaçado particularmente, mas levar com os pés não é das minhas actividades predilectas.
Quando volta para o seu grupinho vejo que está com uma companhia especial. Ela olhou-o de maneira especial, agarrou-o de maneira especial, amuou de maneira especial. Gostei. Vejo que ela está a ir-se embora e não resisto a sorrir – é mais forte que eu.
É incrível que ele tenha escolhido este exacto momento, em que sorrio, para olhar na minha direcção. A sua companhia vira costas e vai andando. Ele, como menino bem comportado, faz de macaco de imitação. Faço-lhe uma continência trocista, viro costas à sua palhaçada passional e continuo a dançar com as minhas amigas.
Estranhamente, passados uns minutos, ele regressa de copo na mão, sem namoradinha e de sorriso na boca. Não lhe ligo muito mas observo-o de vez em quando. Quando vou à casa de banho vai atrás de mim e ficamos a meio do caminho, perto do lounge. Aproveito os sofás para me sentar porque estou mesmo aflitinha. Que quererá de mim?
- Vim só falar contigo, saber mais de ti. Como estás? Fui tão estúpido contigo… Desculpa.
- Não te preocupes, as coisas entre nós não estavam a funcionar. Foi melhor assim. Ah, por falar nisso, tenho no carro um saco teu com uns boxers, uma escova de dentes e aqueles teus preservativos horríveis de mentol – quando te fores embora avisa-me que eu saio contigo para tos dar, ok?
- Então vamos já, porque eu estou mesmo de saída. Vou ter a casa da minha namorada, ela é que já foi andando porque estava maldisposta.
- Maldisposta… ok. Vou só ao wc, depois vou avisar as minhas amigas que vou ao carro, mas tu vai pagando e saindo. O meu carro está no estacionamento. Olha, e lava as mãos e a boca, que as trazes nojentas.
Assim fizemos. Eu fui ao wc, ele foi também e depois foi pagar. Avisei o porteiro que já vinha – e como ele já me conhece não levantou questões. Fomos a andar para o carro:
- Então e tu, andas com alguém?, pergunta-me ele.
- Ando. Ando com quatro gajos mas não são importantes. É só para foder.
- Ahaha, és mesmo engraçada.
- Costumo ser, quando digo piadas.
Chegamos ao meu carro. Destranco-o e vou para a porta do passageiro porque é lá, de lado, que está o bendito saco. Ele segue-me e, quando abro a porta, senta-se no lugar do passageiro como tantas vezes fez, quando íamos passear. Fico de pé a falar com ele mas logo me arrepio com o vento que faz e vou sentar-me no lado do condutor.
Ficamos a falar. De nada, basicamente. Falou-me do trabalho, disse-me que chegara hoje de férias, que a namorada estava amuada porque em vez de ter ido ter com ela quando chegou, foi jantar com os amigos, vindo depois para aqui.
Tanto me dá. Não ouço metade do que me diz. Sentada, o decote do meu vestido dá de si, mas não reparo logo nisso. E quando reparo não faço nada. Olho para as calças dele e vejo que estão com o volume que me é familiar. Neste momento tenho duas hipóteses: ou lhe digo para se ir embora porque as minhas amigas podem ficar preocupadas, ou lhe lanço a mão ao inchaço na braguilha.
Opto pela segunda. Ponho-lhe um dedo sobre os lábios para que se cale com aquelas conversas sem sentido. Quando se cala levo a mão às suas calças e sinto-o rijo debaixo da sarja, dentro da minha mão. Imediatamente fecha os olhos e quer agarrar-me. Não permito. Empurro-o e encosto-o bem ao banco dele. Levo a mão ao manípulo do banco do passageiro e empurro-o o máximo para trás. Ambos sabemos o que vem aí, porque este cenário é-nos muito familiar.
Puxo o vestido para cima, ainda sentada no meu banco, para que ele veja que estou sem roupa interior – aproveitei a ida ao wc para a tirar. De qualquer modo, só se este cenário se proporcionasse é que ele ficaria a saber. Levo a mão aos seus cabelos e puxo-lhe a cabeça para baixo, até mim e penso “estes são os únicos lábios que (me) vais beijar, por isso aproveita”. Abro as pernas no mesmo gesto, enquanto ele se ajeita no banco para me chegar sem contorcionismos. Tranco o carro. Lambe-me como sabe que gosto, como lhe ensinei: como se eu fosse um cornetto a derreter. A língua fica mole e toda de fora; a ponta da língua não serve para aqui – a parte central da língua é que trabalha, como fazem os gatos para se banharem. Agarro-lhe na mão direita e dirijo um dedo para dentro de mim - aliás, 2/3 de dedo - já o sabe - e não mais. Virado para cima, em forma de gancho. Em forma de G.
- Assim… assim está bom. Não pares – digo
Agarro-lhe outra vez a cabeça e puxo-a ainda mais contra mim. Sei que fica com pouco ar para respirar, mas também eu não me queixava quando ele me entupia a garganta, naquelas sessões imitadoras de filmes. Com um pé, entretanto descalço, começo a massajá-lo por fora das calças – e assim averiguo a sua “disposição”.
Está boa. Está boa, a disposição. Está como o seu ego.
- Faz assim, faz – digo – continua. Não pares. Assim… assim… vá… – digo-lhe enquanto “rebolo” na sua boca – anda, faz-me vir. Vá, dá-me. Come-me bem, come.
É inevitável: venho-me na sua boca. Não faço muitos barulhos, os meus orgasmos solitários são silenciosos – e este é como se tivesse sido um desses, em que só estou eu. Foi bom, mas sem importância.
Fico encostada ao banco ainda a gemer por dentro e a escorrer saliva. Normalmente seria nesta altura que eu subiria para o seu banco, desapertar-lhe-ia as calças e sentar-me-ia nele, cavalgando-o sem misericórdia até ele me avisar para eu sair e ir comê-lo – ou bebê-lo, tanto faz.
Mas não hoje. Abro o porta-luvas, tiro um pacote de lenços de papel. Tiro um para mim, que ponho entre as pernas ensopadas, e aperto. Puxo o vestido para baixo. Dou-lhe outro lenço para que limpe a baba e os meus vestígios naqueles lábios, nariz e queixo. Fica atónito a olhar para mim. Pego no saco que ficou no chão do carro, do lado dele, já bastante amachucado pelos ténis número 46 do menino. Ponho-lhe o saco no colo e digo-lhe para sair. Olho mais uma vez para o chumaço provavelmente bem húmido que traz dentro das calças e sinto vontade de o devorar, mas isso não me vai fazer sentir melhor. Destranco o carro e repito, com a voz mais segura:
- É melhor ires andando. – E, dizendo isto, abro a porta do meu lado, calço-me e saio. Tiro discretamente o lenço de papel, enrolo-o e guardo-o na mala. Ajeito o vestido e o cabelo.
Ele não argumenta. Pega no saco, abre a porta do carro, sai. Quando ouço a sua porta bater tranco o carro e dirijo-me para a zona da entrada da discoteca.
Não sei que mais se passou atrás de mim. Não sei como ficou, se foi logo embora ou não. Sei que caminhei devagar mas com segurança de volta à discoteca, ainda com pequenos espasmos por ter tido um belo orgasmo há menos de um minuto. Entrei, fui dizer às minhas amigas que me ia embora, fui pagar e voltei a sair. Dirigi-me ao carro e rumei a casa.
Fiquei a pensar que cara teria feito ao ler o papel que lhe deixei no saco, com as suas coisas, a dizer “desculpa mas não vai dar”.

23 comentários:

J. Maldonado disse...

Cuidado contigo, és mesmo vingativa! :-o
Gostei imenso deste post, questões íntimas à parte...

Mulheka disse...

Tu rulas, mas assim... MUITO! eheheheh ;)

Ana disse...

Oh yesss... excelente!:-)

Megan disse...

Ahah, até eu gostava de ver a cara dele.
Está visto que contigo ninguém brinca! (:

Filipa disse...

fan-tás-ti-co.

(está bem soletrado, não está?)

miúda, tu és boa.

afectado disse...

muito bom, para não variar :)

Sujeito Oculto disse...

Caralho, muito foda esse post! Mas que filha da puta é você. Meu tipo...

Piupiuzinha disse...

Tu és danada! xD
Mas é assim mesmo!
Se isso tivesse acontecido comigo, fazia-lhe semelhante coisa!

"Anda cá!
Cala-te!
Chupa!
E vai-te embora!"

^_^)

de Marte disse...

Afectado,
la la la la...
:)
thank yoooooooooooou - tens golden share aqui nas opiniões.

de Marte disse...

Oh sujeito oculto, isto aqui é um planeta de respeito!! :)
obrigada pelos elogios hardcore. tb sou tua fã. ;)

de Marte disse...

Mike,
o que vale é que qdo a malta é apanhada de surpresa n reage assim com essa bazófia toda... :)

(olha, pq é q o teu perfil n é público?)

***

de Marte disse...

Maldonado,
sou nada vingativa. Sou minha amiga. É diferente!!! :)

(olha, e n deixes as questões íntimas à parte...)

de Marte disse...

Mulheka,
tu ja me conheces, ja sabes o que para aqui vai de tolice. ;)

de Marte disse...

Ana,
oh...brigada :)

de Marte disse...

Megan,
não é bem assim.
Há quem brinque e muito. Depende é das cláusulas do contrato. :)

de Marte disse...

Filipa,
não só está bem soletrado como ainda é elogioso. :)
tás para aí a dar elogios assim ao desbarato, é? tu queres ver que estás a ficar um coração mole? eheheh...

gostei de te ver por aqui. ;)
***

Filipa disse...

coração mole, eu? ai o caralho :)

eu venho cá sempre, miúda. assim escrevas tu.

beijo

de Marte disse...

ehehe, a matadora! :)
vá, então vou ver o que posso escrever, q isto anda difícil de tempo...
kiss

Ricardo disse...

Desculpa mas esta história não é de Marte, Vénus ou Saturno talvez.

Muito bom!

de Marte disse...

Ricardo,
isso é coisa para ser elogiosa, né?! :)

Obrigada. :)

***

Ana disse...

Queria eu ter a tua coragem! Dava jeito! Muito bom! :)

Viagens Lacoste disse...

Mas que grande post!!!

Walmir disse...

Se é Homem, ele simplesmente diz:

- Vigança? Que bom que tu DESTE antes!