Não sou muito amiga de hospitais.
Hoje vi-me obrigada a ir a um e apercebi-me que ando a perder o que de melhor se faz em matéria de comédia em Portugal.
Estava um rapaz na sala de espera, junto ao guichet e chega uma rapariga, nos trâmites finais duma ida ao Hospital. Reconhecem-se, cumprimentam-se. Eu juro que o último nome dela não é Patrocínio, mas deve andar lá perto!
- Então? Estás bom?
(Ora, se o rapaz estivesse bom provavelmente não estava num hospital, de pulseira amarela no pulso, tinha-se levantado para te cumprimentar e não estava agarrado à barriga como se estivesse grávido…)
- Não, nem por isso. Tenho uma dor estranha no estômago e vomitei o pequeno-almoço.
- Ahahah. Sabes que isso costuma dar três dias antes de se morrer?
(Fosga-se, oh amiga, se já estás despachada podes ir andando? É que não estás a ajudar a animar o espírito de sala de espera de Hospital…)
- Olha, e a tua tia?
(Ah, finalmente uma pergunta que não tem a ver com doenças…)
-…Está melhor?
(Pooooooorra!!! Não podias estar calada?)
- Pois… Ela já estava muito mal, sabes? Faleceu há duas semanas.
- Desculpa. Não sabia.
- Não faz mal. Sabes, é a vida.
(Aaaaaaaaaaah! Já percebi!! Estão os dois metidos nisto. Onde é que estão a câmara de filmar e o Nuno Graciano?! “É a vida”?! A vida?!?! Não, amigos. É exactamente o oposto…)
- Olha, mas desculpa. Não fazia ideia. Os meus pêsames. Sabes, é que o mundo é mesmo injusto.
(Boa! “Pêsames”?? Estamos a começar a fazer sentido! Já gosto mais de ti; mas se o mundo fosse bom e justo tu tinhas um cadeado na boca. E eu a chave. E engolia-a. [E daí se calhar não o fazia porque depois podia a chave complicar-me as entranhas e eu ter de vir ao Hospital para a remover. E aí corria um risco desnecessário de encontrar alguém como tu.])
- Ya, eu sei. Ficámos todos chocados. Ela era tão activa, tão cheia de vida.
(Bolas, para mim chega!!! Levantei-me da sala e saí…
Fui para a sala de espera mesmo em frente ao gabinete de triagem. É chamado o senhor X pelo intercomunicador. O senhor dirige-se à porta e o enfermeiro vem abrir-lha):
- É o senhor X? Vá, sente-se ali na cadeirinha. Entre, entre.
- Não posso.
- Não pode entrar?
- Entrar posso. Sentar-me é que não.
(E pronto, recusei-me a ouvir a explicação. Decerto daria um melhor post, mas soube que chegara ao meu limite.)
Hoje vi-me obrigada a ir a um e apercebi-me que ando a perder o que de melhor se faz em matéria de comédia em Portugal.
Estava um rapaz na sala de espera, junto ao guichet e chega uma rapariga, nos trâmites finais duma ida ao Hospital. Reconhecem-se, cumprimentam-se. Eu juro que o último nome dela não é Patrocínio, mas deve andar lá perto!
- Então? Estás bom?
(Ora, se o rapaz estivesse bom provavelmente não estava num hospital, de pulseira amarela no pulso, tinha-se levantado para te cumprimentar e não estava agarrado à barriga como se estivesse grávido…)
- Não, nem por isso. Tenho uma dor estranha no estômago e vomitei o pequeno-almoço.
- Ahahah. Sabes que isso costuma dar três dias antes de se morrer?
(Fosga-se, oh amiga, se já estás despachada podes ir andando? É que não estás a ajudar a animar o espírito de sala de espera de Hospital…)
- Olha, e a tua tia?
(Ah, finalmente uma pergunta que não tem a ver com doenças…)
-…Está melhor?
(Pooooooorra!!! Não podias estar calada?)
- Pois… Ela já estava muito mal, sabes? Faleceu há duas semanas.
- Desculpa. Não sabia.
- Não faz mal. Sabes, é a vida.
(Aaaaaaaaaaah! Já percebi!! Estão os dois metidos nisto. Onde é que estão a câmara de filmar e o Nuno Graciano?! “É a vida”?! A vida?!?! Não, amigos. É exactamente o oposto…)
- Olha, mas desculpa. Não fazia ideia. Os meus pêsames. Sabes, é que o mundo é mesmo injusto.
(Boa! “Pêsames”?? Estamos a começar a fazer sentido! Já gosto mais de ti; mas se o mundo fosse bom e justo tu tinhas um cadeado na boca. E eu a chave. E engolia-a. [E daí se calhar não o fazia porque depois podia a chave complicar-me as entranhas e eu ter de vir ao Hospital para a remover. E aí corria um risco desnecessário de encontrar alguém como tu.])
- Ya, eu sei. Ficámos todos chocados. Ela era tão activa, tão cheia de vida.
(Bolas, para mim chega!!! Levantei-me da sala e saí…
Fui para a sala de espera mesmo em frente ao gabinete de triagem. É chamado o senhor X pelo intercomunicador. O senhor dirige-se à porta e o enfermeiro vem abrir-lha):
- É o senhor X? Vá, sente-se ali na cadeirinha. Entre, entre.
- Não posso.
- Não pode entrar?
- Entrar posso. Sentar-me é que não.
(E pronto, recusei-me a ouvir a explicação. Decerto daria um melhor post, mas soube que chegara ao meu limite.)