Estive fora. Lá, fiz uma compridíssima viagem de comboio e tive uma experiência... de Marte!
Passei quase a totalidade da tarde a ler um livro. O conteúdo erótico deixou-me um pouco desvairada, devo confessar. Ao cair da noite, ficou escuro na carruagem e só quem quisesse tinha luz directa, para poder ler ou trabalhar no pc. Como havia poucos passageiros nesta carruagem estava bastante escuro. Ao olhar em redor vi apenas dois passageiros: um homem umas filas atrás de mim, quase no último banco, do lado da janela, e uma senhora na parte da frente da carruagem.
Olhei para o homem. Era lindo. Decerto ele era autóctone e eu não falo a língua local. Mesmo assim, movida pelo desejo levantei-me e, segurando-me às costas dos assentos fui andando pelo corredor até à fila onde ele se encontrava e sentei-me do lado oposto, junto à janela. Ele não ligou muito mas aos poucos foi ficando intrigado com a minha mudança de lugar, visto faltar pouco mais de vinte minutos para a última estação e não havia razão aparente para eu ter mudado de lugar. Comecei a vê-lo espiar-me pelo canto do olho e decidi ir puxando, aos poucos, o vestido para cima. O homem quis de olhar-me de frente para ter a certeza do que estava a ver e decidiu menear o cabelo farto, de maneira a mexer a cabeça o suficiente e no ângulo certo para ver as minhas coxas. Quando o fez, voltou a olhar-me, desta vez sem falsos pretextos, e sorriu puxando para cima apenas um canto da boca. Nesta altura a minha mão já estava a subir na perna e meti-a dentro das cuecas. Ele levantou-se, apoiando-se no banco da frente, como que querendo aproximar-se. Compreendeu a linguagem universal quando abanei o indicador da mão livre em forma de "não" e voltou a recostar-se. Meteu também as mãos nas calças e ficámos assim, a saborear a companhia visual um do outro. De quando em quando ele fechava os olhos e inclinava a cabeça para trás, de prazer. Depois olhava de novo para mim e acelerava a marcha da mão.
Vim-me num instante, com este cenário à minha frente. Gemi baixinho para não provocar alarido, mas alto o suficiente para ele ouvir. Fiquei a apreciar o orgasmo e depois estive a vê-lo, logo de seguida, a fazer o mesmo. Foi muito bom. Repousei um minuto e levantei-me. Ao fazê-lo, ele chegou-se para a zona da coxia onde eu passaria e estendeu-me a mão, como fazem os cavalheiros num cumprimento a uma dama. O homem puxou a minha mão com gentileza para a sua cara e, em vez de ma beijar, cheirou-ma demoradamente.
Estremeci no apelo a um novo orgasmo e senti vontade de lhe falar de qualquer maneira, de ouvir a voz dele, de o ter comigo na cama, de me sentar nele, de me sentir nele. Sei que isto são coisas de mulher, romanticismos tontos. Deve ter sido isso que me fez puxar a mão devagar e voltar para o meu lugar.
Não voltei a olhar para ele até ao fim da viagem e ele também não se aproximou. Apesar de faltarem poucos minutos para o nosso destino ainda adormeci, efeito do orgasmo. Quando saí da carruagem, já com o trolley pronto, demorei-me um pouco, fingindo que ajeitava o casaco e o vestido. Olhei na direcção dele e sorri com um dos cantos da boca.
Ele não era tão lindo como parecera no escuro do comboio. E daí, talvez eu também não fosse, afinal, tão apetecível como há pouco. Ele sorriu-me de volta, virámos costas e seguimos caminho. Meti-me no carro e fui a pensar nele e a rir-me sozinha com esta travessuram inédita para mim. Cheirei a mão mais de uma vez para ter a certeza que não tinha sonhado durante a viagem, naquele comboio escuro.
Nessa noite dormi muito bem.
4 comentários:
Bravo. Quem me dera ter sido eu... :D
Este seu texto me deixou alucinado garota. Quero te parabenizar. Tem tanta cois que eu pensei ja e nunca soube escrever e você usa a palavra certa. Parece que tou vendo voce e esse cara gozando no trem. Muito bom.
Bem, grande post! :-O
Se isso efectivamente aconteceu e não é fruto da tua vasta imaginação e da tua talentosa escrita, é uma experiência invejável, só ao alcance dos predestinados... ;)
cum camandro.
adorei o post
muito boa descriçao muita facilidade em transportar o leitor para um outro mundo. gostei
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