16 de janeiro de 2011

come /kʌm/


Pôr no play antes de começar a ler...


Ouvir esta música e violar-te.
Rasgar-te a roupa.
Romper-ta.
Ou só arrancar-ta.
Tirar-ta.
Gentilmente.
Passar-te a mão devagar.

Sentir-te a pele doce e dócil, sentir o meu tesouro, o cheiro guardado em ti, na tua roupa, junto ao teu pescoço.

Desapertar-te, um por um, os botões de camisa que te escondem. Manter-te deitado. Fechar os olhos – primeiro os teus, os meus logo depois. Tactear-te com todo o cuidado, como se quebrasses com inspirações fortes. Trazer à luz do escuro o teu tronco, o teu peito. Tocar-te com os dedos médios nos mamilos. São suaves e acastanhados. Sinto-lhes a pele fina, delicada como papel de arroz. Passar a língua por eles, acastanhados e suaves. Os teus mamilos que são meus. E de comer. Como tu, como a tua língua.
Como os beijos carnudos, de lábios cheios e inchados que me recheiam a boca e me trazem esgares violentos. Ou talvez não violentos, apenas instintivos, animalescos, selvagens. Ou dóceis, expressões de amor. De desejo e amor, de paixão. Foda-se, tanta paixão. E saliva.
A saliva. A tua saliva, doce e líquida, é a minha água, mata a minha sede – aumenta a minha fome.
É com o teu peito à mostra que por ti deslizo. Caminho por entre os pequenos sinais que te mapeiam a tela lívida, a minha almofada preferida - o teu peito. Estou perdida em ti, sinto-me perdida e divinamente insana por te consumir sem freios, e deixo a felicidade escorrer-me pela boca sob a forma de sorriso. Sou feliz, tão feliz em ti. Deixo os dedos entretidos nos alguns (poucos) pêlos que te descem pelo umbigo. Gosto-te e aproveito-te. Desejo-te cada pedaço, usufruo-te todo. Agarro-te a barriga, a tua-minha barriga, apanho-ta pelos flancos e aperto-ta sem magoar, apenas reconhecendo-ta. À tua-minha barriga. Maior que noutras alturas, a tua-minha barriga. Continuas delicioso como quando eras o apetitoso franzino que se deslizava para dentro dos meus lençóis, desavergonhadamente, para noites de aconchego, para serões de mimo, pra experimentar o amor de que virias a gostar.


As calças. As calças que te assentam. Que bem te ficam, sempre sempre. Desaperto-tas com calma, com o jeito que te aprendi. O decoro, talvez. A minha calma aumenta-te o desespero. Sei que te faço sofrer e engolir uma golfada de ar, que não é mais que desejo preso. Preso atrás dos botões, atrás da roupa interior sem costuras. E é atrás do fecho das calças que moras já tu, rijo e doce. Contrais-te e sinto-te crescer. Sinto o rush dentro de ti, a correria de efeitos biológicos que não conheço nem me interessam. Quero-te - tenho-te. Dou, por fora da roupa, uma dentada demorada ao longo de ti, preso. Aqui sim, enclausurado. Entre os meus dentes. Entre os meus dedos, preso. Preso e grosso e meu. Meu. Sinto no lábio o doce e húmido toque a ti, o doce doce que gosto de passar nos lábios, como gloss. E é glossy que me pões a boca, quando te tiro, te saco, te liberto. Continuas sem abrir os olhos, e nem deles precisas. Já conheces o caminho para a minha boca, já sabes que fico com os lábios entreabertos enquanto te deslizas ao longo deles, deixando-mos brilhantes e doces. Doces, sempre doces. Lambo-me com a ponta da língua. Saboreio-te e reconheço-te. Todo, todo. Reconheço-te. Desejo-te e lambo-me e lambo-te.
O teu doce abre-me a boca e o apetite. Rapidamente te afundo na boca, te toco e palpo com movimentos aleatórios em intensidade e pressão - como gostas. Alterno a minha mão com a tua, em ti.
Toca-te. 
Excita-me ver-te tocares-te. A mão que te é familiar, o meu corpo que em breve se encaixará, tudo faz sentido e faz parte. É o nós.

E a música, ainda a música...

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