28 de fevereiro de 2010

"Queres companhia?"


Todos os sábados à noite (já domingos de madrugada, algures entre as 2am e as 7am) recebo a mesma mensagem: “queres companhia?”.
Das primeiras vezes achei excitante o tipo quase desconhecido e sobejamente viril abordar-me desta maneira. Em cinco segundos respondi enviando-lhe a morada. Nas vezes seguintes apenas lhe respondia “Despacha-te”. E ele, bem-mandado, despachava-se. Vinha e despachava-me e vínhamo-nos. Só já deitados eu tinha tempo para tomar ciência do cheiro a fumo trazido das noites badaladas de onde este tipo aparecia, invariavelmente alcoolizado e feliz. Falávamos muito durante os cigarros que ele fumava, nu, à janela do meu quarto. Quando não estávamos, (eu) a falar e (ele) a fumar, fodia-me sem misericórdia, como se me punisse. Nunca fez amor comigo, era sempre um saciar de apetite como se da última vez se tratasse.
A última vez, de facto, não tardou.
A minha resposta habitual – o “despacha-te” – deu lugar a um “não posso porque…”, bastante mal cozinhado. Entretanto aumentei o rol de desculpas e o “estou muito cansada” serviu pretty well. Escudava-me e escusava-me com o trabalho, com outros programas,… cheguei ao burlesco e risível cúmulo das indisposições várias como  a célebre dor – a de cabeça e outras.
E estas foram as únicas mensagens que trocámos desde então: todos os sábados, devotamente, a mesma pergunta e uma resposta diferente na forma, mas não no conteúdo.
Há uns meses deixei de responder, mas continuo a receber o “Queres companhia?” como se de uma religião me tratasse. 

27 de fevereiro de 2010

palavra de escuta

Perguntaram-me hoje, no seguimento de conversas sobre a Protecção Civil, o caos, as intempéries e as catástrofes naturais, se eu tinha andado nos Escoteiros / Escuteiros.
A resposta foi um rotundo não. De facto os meus pais sempre tiveram intenção que eu iniciasse a minha vida-sexual-emparceirada (no mínimo) na adolescência.

26 de fevereiro de 2010

no name


As coisas nem sempre correm como pensamos, enquanto atiramos uma moeda para a fonte dos desejos. Talvez por fazermos um pedido sucinto, linear, imediato, quando eventualmente existe unanimidade astral na concessão do desejo, este chega-nos em bruto, de acordo com o pedido.
Cabe-nos decidir o que fazer com ele; verificar se ainda é desejo, se faz sentido e em que extensão nos dará “jeito”.
Eu não acredito que coisas boas aconteçam apenas a pessoas boas. Já estive dos dois lados demasiadas vezes para ainda acreditar nisso. Já fui profundamente feliz e algo infeliz dum lado e doutro.

Hoje em dia gosto mais de atirar moedas às fontes do que acreditar em karmas. É só dinheiro e água, eu sei, mas gosto. Gosto de fingir que numa cara ou coroa, numa fonte ou num mito reside um microcosmos do meu fado. Só porque sim. É tão plausível e apaziguador como um Deus ou um espelho, ou como esse abraço. E igualmente ilusório: só os sinto porque sou boa a imaginar.

25 de fevereiro de 2010

vinte e quantas?

Eu não percebo como é que, em 24 horas, o Jack não prega olho...

Eu considero-me bastante resistente e mesmo assim tenho de ir à cama buscar energias e bons conselhos.

Se a série 24 se baseasse num dia meu, dez episódios eram definitivamente passados em actividades de cama (ou ao seu redor ou a ela relacionadas). 
Sobram 14 horas. 
Duas vao direitinhas para banho, cremes, vestir, tratar dos cabelos, da pele e maquilhar. 
Já só sobram 12horas. 
Fazer a cama, quem faz? Eu. E arrumar a roupa toda que se experimentou até chegar às calças certas e à camisa adequada? Não é fácil... E ainda há-que arrumar a casa-de-banho que fica de pantanas com toalhas e escovas e secador e pincéis e maquilhagens e toda a espécie de coisas que na noite anterior não moravam ali. 
Com tudo isto sobram-me 10horas.
Tenho de manter-me actualizada, ver as notícias na tv. Na Euronews demoro meia-hora para me actualizar. Há ainda que ver séries na tv - se for um filme num canal generalista acabei de esgotar três horas do meu dia. Restam-me agora 6h30 e ainda nem saí de casa!
Nem me alimentei. Não posso passar o dia sem comer, certo? E para me alimentar tenho de cozinhar. E para cozinhar tenho de ir às compras. Se fizer 4 refeições, (2 de meia-hora, 2 de uma hora), com compras e o tempo que levo a cozinhar, são quatro horas para o galheiro.
Sobram-me 2h30 do dia e só comi, dormi, fiquei linda e informada.
De certeza que este período de tempo não chega para impedir que assassinem uma alta patente nem para evitar um atentado nem salvar criancinhas indefesas nem resolver um mistério da humanidade. Se eu ousar sair de casa vou demorar uma hora a chegar a qualquer sítio., E como tenho de regressar, são duas horas gastas.
Sobram-me 30 minutos.
O que é que faço com trinta minutos?!?! Acho que vou ver filmes com bolinha, pra me vir o sono...

4 de fevereiro de 2010

The bottom line is...

...I like who I am even when no one else is watching...

1 de fevereiro de 2010

Aviso à tripulação

Hoje ou amanhã vai cair BOMBA sobre o Mário Crespo e o amiguinho Sócrates.

Vamos ver quem é que vai malhar em quem. E, no fim, quem ganha e quem vai ser internado.

É aguardar...