7 de abril de 2009

puta (one)

Às vezes choca-me o moralismo das pessoas.

Conheço uma gaja que é puta. Pronto, é puta. Não me perguntem o que consta na declaração de rendimentos de IRS dela, mas a actividade ocupacional (já que legalmente não pode apelidar-se “profissão”) é prostituir-se.

E pronto, basicamente encontramo-nos porque nos damos com um grupo comum de amigos. Ela não aparece muitas vezes porque tem sempre inúmeras “reuniões”. Não somos amigas, mas conhecemo-nos e até nos damos bem. No meio deste grupo (que não o é) há uma tipa que ficou toda chocada toda quando soube da profissão da outra. Porque «é um risco», porque «é moralmente reprovável / condenável», porque «destrói lares» … enfim… o típico discurso de uma Mãe de Bragança.

A mim, a profissão dela não me aquece nem arrefece.

A coisa mais próxima que consigo conceber para equiparar à foda é o consumo de álcool.

As pessoas normalmente fodem por prazer e bebem por prazer. Existe (dentro deste “grupo”) uma elite que fode (e bebe) como profissão: são as prostitutas e os enólogos, respectivamente. O primeiro ponto de contacto? Em nenhuma das profissões se engole.

Entre a espécie fodilhona e a espécie bebedora existe um híbrido, que são as miúdas das casas de alterne – mas isso é conversa para outro dia.

Então porque é que se alguém disser: “Olá, eu sou a Joana e sou enóloga” toda a gente lhe aperta a mão, e se disser “Olá, eu sou a Joana e sou prostituta” toda a gente a olhará de lado ou virará as costas?

Existe assim tanta diferença entre a prostituição e outra profissão qualquer?

puta (two)

Ainda sobre o tema da prostituição, muito se tem falado na nossa mesa de café, nas SMS e na troca de emails, sobre esta profissão. Uns não estão nem aí, outros (aliás, outras) deixaram de ir ao café porque não querem estar na mesma mesa que «a puta», como carinhosamente é apelidada. Antes era só gira, trabalhadora, rica. Uma consultora que não tinha sorte com os namorados. Agora é «pêra-uva-tangerina-alperce».

É esta uma profissão ainda estigmatizada? Desconhecida? Reprovável? Porquê? A prostituição até é uma profissão que resiste à crise…

Se em tempos foi uma profissão aceite e, em algumas épocas e locais eventualmente respeitada, recentemente é vista como uma profissão de submundo – e porquê? Porque muita gente é obrigada a prostituir-se. Essa é a prostituição por necessidade que, como outra profissão sobrecarregada e subpaga, está dentro do conceito de exploração. Não é desta que falo. Não me interessa se estou a falar duma minoria. Estou a falar do caso que conheço, é a ele que me refiro, e está fora deste conceito de exploração, vejo-o como profissão. E uma actividade impermeável à crise, já que a procura se mantém, e tende a aumentar.

Qualquer conhecedor dos funcionamentos do mercado sabe que um bem ou serviço vingará se for concorrencial num de dois aspectos: no preço ou na diferenciação. A prostituição ataca o mercado (e lamento, mas é linguagem técnica!) nas duas vertentes. Dum lado, a prostituição chamada de rua (a sobreexploração física e anímica); no outro extremo a chamada prostituição de luxo (talvez por ser um luxo uma tipa ir para a cama com um homem a troco de dinheiro e não acabar espancada, roubada ou violentada).

No meio não há nada. Não há oferta profissional. No meio há a oferta amadora, não paga (pelo menos aparentemente) – as donas de casa, as esposas, as namoradas. Comidas ou amadas, espancadas ou estimadas, escravizadas ou reverenciadas – há de tudo.

Ora, se existe uma actividade lucrativa, com um mercado ávido, que se diferencia por prestar um serviço de que toda a gente tem necessidade – e, sejamos francos, é a sedução (num sentido lato) que está no âmago do funcionamento da sociedade – porque não dotar esta actividade de personalidade jurídica? Porque é que continuamos a assobiar para o lado ou a fazer tricô em vez de reforçar esta profissão, protegê-la, regulá-la e trazer-lhe dignidade social?

Nem que seja para fazer com que “filho da puta” deixe de ser insulto e passe a ser sinónimo de “descendente de trabalhadora impulsionadora da economia”.

limites

Em conversa com um amigo que está a dar os primeiros passos na Língua Portuguesa fui questionada sobre uma série de expressões coloquiais que, apesar de parecidas, podem induzir em erro os mais incautos e levar a algum desconforto por parte de quem ouve.

Começou por perguntar-me o que queria dizer pedra. Se pedra era aquilo que há na rua.

“Sim", disse eu, “pedra, seixo, rocha, calhau, são todos sinónimos.”.

Aí ele disse-me que tinha ouvido uma amiga a dizer “és uma pedra” a um tipo, com um semblante bastante simpático e elogioso.

“Aaaaaaaaah. Isso! Sim, nós podemos dizer que alguém é porreiro, fixe, cool, chamando-lhe «uma pedra».” E aí lembrei-me: “Mas se o intuito for insultar, chamá-lo de estúpido, aí dizes «és um calhau!» Tens é de ter atenção para não trocares «calhau» com «pedra»”.

Ok, a tarde estava definitivamente para aparvalhar...

Entre uns tremoços (meus) e umas moelas (dele) continuámos na conversa do que era ser fixe e de como se diz a alguém que é fixe. Outra expressão que usamos é “cool”. Ser cool é, na língua dele e na nossa, a mesma coisa. Mas acautelei-o: não deve usar a tradução para português de nenhuma maneira.

Dizer a uma miúda que ela é fria, é dizer que ela é má; dizer que ela é fresca, quer dizer que ela é atiradiça ou leviana; dizer que é frígida é garantir um passaporte para a sopapolândia.

Mas os adjectivos relacionados com a temperatura não acabam aqui. Do mesmo modo que temos adjectivos frios, também temos adjectivos pessoais de índole mais “quente”. Dizer que uma gaja ou relação é tórrida é diametralmente oposto a dizer que a mesma gaja ou relação é queimada! Chegámos à conclusão que mais vale manter as conversações num nível mais “rudimentar” e não pensar em grandes voos. (E desculpar-se, sempre que uma desconfiada sobrancelha feminina se arqueie, com o facto de não ser português… afinal é uma questão de amplitude térmica e requer sensibilidade linguística!).

isto foi ontem. hoje o sol brilha!!!!! :p

Hoje saio de mim e não me importo de chorar nem de sentir auto comiseração. Hoje nem tenho vontade de tirar o pijama. Se o tirar não vou ter vontade de o vestir de novo e vou enfiar-me na cama directamente com a roupa da rua, a maquilhagem posta, o cabelo arranjado.

Hoje nem o sol me anima. Não me traz boas energias. Hoje não há lista telefónica que me valha, não há cafezinhos nem amiguinhos com mais ou menos cor que me colorem o dia. Hoje não há foda, não há amor, não há mimo nem fingimento que me valha. Nem passeios nem jantares nem cinemas que me curem. Nem promessas nem leituras nem euromilhões me contentariam. Hoje o dia é cru e verdadeiro e estúpido. Continua igual. Eu é que não.

(Finalmente.)

Já me julgava perdida para sempre, mas afinal ainda ando por aqui.

1 de abril de 2009

habemus papisa*



Ouçam lá...

Eu sou Sportinguista.

Tenho cachecolinho do SCP, vou ao estádio, canto até me doer a voz.

Neste mundo onde se fala de paridade, neste clube onde não há presidente, nesta cidade onde só a Mizé Valério tem o cabelo verde... Qual é a dúvida sobre a sucessão?!?!
(Mizé a Presidenta! Mizé a Presidenta!)
* E por falar em papisa, alguém conhece a lenda duma tal Papisa Joana que terá "governado" a Igreja Católica fazendo passar-se por homem, pelo Papa João VIII? E mais: que morreu a dar à luz?!?!? Cum carago, aquela foi arder pro inferno, ai foi foi!!!!

playnocchio



Ouvi falar muito mal sobre a capa da Playboy portuguesa.


Eu cá até gostei.


Vá, mas com maminhas confesso que tinha sido mais divertido...