31 de agosto de 2009

dá-me lume

Não pensei que alguma vez voltasse a fumar.

Hoje encostei um cigarro aos lábios só para te saborear durante uns minutos.



Mais de dez anos sem fumar fazem com que pareça estranho o gesto outrora rotineiro. O calor e o acre a passarem por mim, a deixarem colado a todos os tecidos o cheiro estrangeiro. Não me contorci, não foi violento, foi fisicamente familiar.



Mais ainda, fechei os olhos para deixar que as papilas espevitadas e sãs te descobrissem no sabor e te namorassem, te cortejassem.



Lambi-te e sorvi-te e cheirei-te.



Comi-te e mordi-te e engoli-te.



Deixei-te passear por dentro de mim; permiti que alcançasses as minhas memórias e nelas te visses. Olhaste para ti e não te reconheceste. Estavas a cativar-me, de cigarro no canto da boca. Tens o mate característico de uma película 8mm gasta por excesso de uso. O granulado impedia-te de perceberes que eras tu. Reconheceste-me por entre as imperfeições – estás habituado a elas. Sorriste para mim. Ao fazê-lo, a imagem que não descodificavas sorriu também. Percebeste que eras tu, ali sentado. O tipo de ar descontraído, de cabelo propositadamente desalinhado. O homem níveo protegido pela camisa de tons claros. Não sei se foste tu que a vestiste de manhã ou se foi a minha memória, ainda há pouco. É indiferente: és tu, o autor dos meus sorrisos… e do meu bater de unhas na mesa: mindinho, anelar, médio, indicador. A impaciência. Mindinho, anelar, médio, indicador. Onde está o meu beijo? És tu, o interlocutor dos meus silêncios. Dos nossos silêncios. Em que desvio o olhar, penso o que é que estou aqui a fazer? e recebo a resposta quando os olhos retomam a rota dos teus. A minha mão tem uma polaridade inversa à tua e é quase impossível de deter, nos pequenos gestos. Toco-te e agarro-te como se não estivesse a deleitar-me em cada centímetro da tua pele. É tentador chegar à tua mão, que tem vida, que retribui os meus gestos. Infelizmente esta está ocupada com o cigarro.



O fumo. (Acordo!) O fumo…



O fumo que estava em mim já se perdeu na atmosfera. O meu sonho esfumou-se também. Inspiro-te outra vez. Mais uma vez te ingiro. Quero ter-te em mim mais esta vez. Forço-te com sofreguidão, inalo o fumo que és tu, sem esperar anuência. Deixo que saias de mim devagar, como se com medo de um fim. Quando estás assim, em mim, e me aqueces a boca tenho medo de ti. Tenho medo de não parar de te querer.



Não te apercebes de quão corrompida estou. Quão viciada. Não sei se quero que tomes consciência da saciedade que me trazes. Não conheces esse teu poder de me agarrar, entrar em mim e fazer-me perder as horas.



Amarga, apago o cigarro e esqueço-te por hoje.


30 de agosto de 2009

não deixemos triunfar os lambedores de pés...

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Bolas! Só a mim é que não me calham freaks destes. Adoro umas boas lambidelas nos pés.

26 de agosto de 2009

mais do mesmo

Eu tenho um problema.

O meu problema chama-se encantamento, fogacho. E desencantamento. Assim como vem, vai. Salvo raras excepções que o tempo confirma serem paixões, a maior parte dos encantamentos vão sem deixar rasto. Ainda por cima acham que o não querer ir pra cama com eles é o meu lado doce e recatado de donzela. Bem… não é! De facto quando isto sucede a explicação é bem mais imediata: não quero os tipos para mim. Só quero dar-lhes um pouco de mim e roubar-lhes um pedacinho de nada. Demasiado, quando olho para trás.

O Sr. Lei, por exemplo, um menino por quem me encantei durante uma semana e tal. E o processo é trivial: encantamento – envolvimento – “és a mulher da minha vida” – “bye bye”. O que me acontece é que perco o interesse pela pessoa quando (ao fim de pouco tempo) começa com conversas muito vanguardistas, do tipo “deixa-me amar-te e sê minha para sempre” ou “acho que podíamos ser muito felizes juntos”. Sim, claro que podíamos. Se eu me anulasse e vivesse para te servir. Se me tornasse a tua dona de casa parideira e dondoca, com um bando de miúdos lindos que eventualmente me preencheriam e far-nos-iam felizes. Sim, seríamos felizes. Excepto aquele detalhe em que eu seria infeliz como mulher. Uma super-mãe, é verdade, ao lado de um super-pai incontestável. Mas uma mulher infeliz.

Outro fogacho foi o Bob, O Construtor. Um bom flirt, muitos olhares, nada de mensagens nem messengers nem o caneco para não habituar mal os tipos que ficam a pensar que estou disponível 24/7. Não estou – só para quem quero. Houve umas saídas em grupo, um copo a mais de parte a parte, o envolvimento. Duas semanas depois (em que nos vimos quatro vezes) vieram as palavras má(gica)s: “Anda viver comigo. Esperava por isto há tanto tempo. És perfeita.”. Ok, então adeus. És mentiroso ou iludido. De qualquer modo um de nós vai sair magoado quando descobrir que não sou perfeita. Antes tu que eu. Bye.

Michel Vaillant: O único que me tirou de letra. Já me conhece desde pirralha. Não foram necessários os passos de aproximação, apenas uma noite em casa dele e outra na minha. Este homem ama-me. Ama-me e tratar-me-ia como uma rainha. Pequeno pormenor: não o amo. Não sei ser quem pretende que eu seja. Não quero ser quem pensa que sou. Imagina-me e descreve-me como perfeita, como isenta de falhas, como dona da palavra, dona da verdade, com objectivos bem definidos, planos bem traçados. Não sou eu. Lamento. Não me revejo. Depois de me fazer as maiores declarações amorosas, como eu pensava que todas as mulheres gostariam de ouvir, não soube (cor)responder. Depois de tomarmos uns cafés de relativização (de desmame), deixou de me contactar. Não voltou a falar-me. Sei que está bem, que tem planos bem delimitados e imagino que me tenha riscado deles. Sem despeito nenhum, sei que é melhor assim. Acho-o melhor homem por isso, por não se arrastar aos meus pés. Podia ser amiga dele.

O Johnny Bravo. Este era o menino com quem eu queria aventura. Era perfeito. Corpo perfeito, dentes perfeitos, inteligência perfeita, cabelo e unhas irrepreensíveis. O rapaz da lista telefónica cheia de miúdas, mulheres, meninas. (É capaz de ter sido o autor da música do Martinho da Vila. É que ele já teve mulheres de todas as cores, de muitas idades, de muitos amores, mulheres do tipo atrevida, do tipo acanhada, do tipo vivida, casada, carente, solteira feliz, já teve donzelas e até meretriz. Ok, sem a parte da meretriz, que mete nojo). Era perfeito para mim. Era perfeito porque não me queria, não me exigia, não me prendia. Até um dia. Um dia apaixonou-se. Mas eu tinha avisado: olha que eu não sou como as outras” e ele pensava que era charme meu, que era eu a armar-me em importante. De facto não era. Eu era “especial” mas de outra forma. A mulher que não quer compromissos, não quer cobranças. Foi fatal para o Bravo que tinha decidido assentar e fazer vida comigo.

Eu não sou como as outras. Eu ainda não disse a quem quero que o quero. Não abertamente. Veementemente. Mesmo querendo, admito que haja pessoas como eu. Que fogem quando se sentem presas. E se eu quero um tipo, é perfeitamente compreensível que não saiba reconhecer e valorizar os outros que genuinamente me querem, mas que não podem ser correspondidos. Nem me sentiria bem a “usar” esses meninos como 2as escolhas, só por ter a certeza que passariam o tempo todo a tentar fazer-me feliz, a tentar agradar-me. Eu não quero passar a vida só a tentar. Eu quero ser feliz na tentativa e no erro e no sucesso. Porque é assim que me sinto contigo. Quero olhar para ti e saber que me chega isso. Que o amor é para sempre enquanto dura. Que sou melhor pessoa contigo. Que posso ser eu à luz do dia. Que me arrelias e extasias porque faz parte, é mesmo assim. Porque no fundo o Johnny Bravo, o Bob, o Michel e o Sr. Lei são bons homens, mas eu derreto-me é pelo Sport Billy.

a garagem da vizinha




















Uma amiga minha diz-me que sou uma oficina.






Que os meninos chegam estragados à minha mão porque só gosto dos que se revelam desafios. Porque quero os rufias, os desarranjados. Os que sofreram, os que se sentem marginalizados, os mal-amados, os que têm tristeza. No cômputo geral, os que precisam de conserto. Eles vêm, eu analiso, conserto e devolvo à natureza. Eles é que não sabem.






Veja-se o Sr. Lei. O Sr. Lei veio parar-me às mãos num caco. Sintomatologia: Vida amorosa de pernas para o ar. Conflitos entre a sua mais-que-tudo e a família. Uma mais-que-tudo que se revelou ser uma pessoa má, sem escrúpulos, sem amor por ele. Diagnóstico: Intoxicação amorosa. Prescrição médica: Uma vez que ela o deixou após ter delapidado fisicamente e figuradamente a instituição familiar, manter este afastamento. Perceber que é ela que não o merece. Ele é um tipo certinho, cheio de sentimentos puros. Procurar uma menina que o trate bem e que queira ser a esposa e mãe que ele precisa de ter ao lado. Duração do tratamento: Até dois anos. O homem quer ser pai a curto prazo.






Bob, O Construtor. Sintomatologia: Vê o relógio a tictacar, o calendário a avançar no tempo, os cabelos brancos a surgir e a mulher da vida como uma miragem. É muito bem sucedido, tem berço e carreira. Diagnóstico: Pressa aguda. Prescrição médica: Levar as coisas com calma. A mulher certa há-de surgir. Enquanto não aparece, divertir-se com as erradas. Duração do tratamento: pode ir de semanas a vários meses ou anos. O que interessa é curar-se sem pressas.






Michel Vaillant: Sintomatologia: apego desmesurado a uma mulher, a uma imagem. Pequenas obsessões com coisas quotidianas, com ícones marcantes. Diagnóstico: Mais um Édipo que procura na mulher um decalque da mãe. Prescrição médica: Acabar com a ilusão de que existe uma e apenas uma mulher – eu – para fazer dele um homem preenchido e feliz. Duração do tratamento: Com o feitio determinado e a ausência de contacto com a sujeita em questão quaisquer seis meses, no máximo, cumprem o objectivo.






O Johnny Bravo. Sintomatologia: Vivência em terreno desconhecido, por nunca ter amado em adulto. Diagnóstico: Desnorte emocional / vertigem amorosa. Prescrição médica: Agora que sabe o que é o amor, o que é amar, o bom que é e o bem que faz, dar asas aos sentimentos e permitir-se a amar e ser amado. Agora está pronto para viver um relacionamento sério, onde pode dizer “amor” sem sentir que lhe estão a roubar parte da masculinidade. Porque um homem também chora. (Não é preciso confessar. Basta pôr em prática os sentimentos bons que foi cultivando). Duração do tratamento: Curtíssima duração. O sujeito tem, no momento, plena capacidade física e anímica para prosseguir sem muleta.

21 de agosto de 2009

raios partam os virus mais o camandro

A última dos bichinhos que vivem no meu pc... andar a mandar isto para tudo e todos no meu messenger:



Yah think you be hard like a real niggah? A True playa can deliva what a fine ass ho wants, the monsta cak, if ya aint got it yet, you best be coppin a free bottle only until this friday if you order from http://www.nicelong.com

asco


ASCO

18 de agosto de 2009

a moral da história...

Vuk, quando já tens um amarelo não tiras o raio da camisola. Que tal??

Kassai, és tão vesgo, tadinho!!!

Gamberini: vais levar no focinho no dia 26. E ficamos todos contentes. Obrigada.

Ah, e em Portugal já somos 11 milhões e um. O Levezinho já é português.

Agora só falta o Matias. Que, by the way, é chileno mas nasceu na argentina...

E ainda dizem que o SCP é um clube de elites. Nós acolhemos e cuidamos de todos os meninos. E até os tornamos portugueses. :) que altruístas...

mi liga, gato

14 de agosto de 2009

...e se eu prometer fazer a cama todos os dias?


Eu nunca mais minto...
Eu nunca mais traio...
Ajudo todas as velhinhas em todas as passadeiras! Até as levo às cavalitas!!
Eu... eu... Eu dou boleia a toda a gente!!
Eu... eu passo a ir à missa.
E digo a toda a gente que és o maior! A sério que digo!
Eu faço a caminha todos os dias, Senhor!
Oh Deus, vá lá...