30 de setembro de 2008

flirtar

A arte de flirtar é algo que nunca dominarei.

E não digo isto com o mínimo de angústia: prefiro deixar-me levar, construir a dois, do que dominar e pôr em prática um “modelo”.

Creio que o processo que leva à aproximação de duas pessoas é… estimulante.

Conhecem-se, aproximam-se, fazem concessões; discutem, trocam informação, baixam as guardas. (Estou a ser o mais clara possível para saberes que estou a falar de ti).

Ambos sabemos que andamos a apalpar terreno e sabemos que isto… é o que é e nada mais.

Com prazos pela frente e dois feitios complicados, muitíssimas agravantes fazem com que eu me reprima nalgumas coisas.

Voltemos ao flirt.

Gosto do jogo do gato e do rato, das palavras com dois sentidos, da maneira como tudo é dito até um limite e as interpretações ficam na consciência de cada um. Gosto disto contigo. Não é algo que costume fazer. Creio que costumo ser mais “directa”, menos encantada.

Por agora ando extasiada, maravilhada, atraída, cativada, encantada contigo. Principalmente por não me caíres nos braços com facilidade. A tua luta aguça a minha vontade. O teu afastamento e aproximação q.b. potenciam o meu desejo.

Tenho fantasiado inúmeras cenas, umas corriqueiras, outras mais tórridas, em que és personagem principal. Tenho pensado muito em ti, em quem és, no sabor que terás. Quero ficar a escutar-te horas a fio, quero ver-te sentado, a fumar, no largo parapeito da minha janela antiga, com cornucópias de fumo a saírem-te pela boca. Quero fotografar-te a dormir, quero beijar-te para que acordes, quero fazer amor contigo de manhãzinha e ouvir-te gemer discretamente como, aliás, parece ser teu apanágio em tudo.

Quero conhecer-te e saber o que pensas sem que o digas. Quero perceber as tuas manias e os teus caprichos. Quero jantar contigo, beber contigo, namorar contigo, passear contigo. Quero dar-te a mão na rua e beijar-te sem motivo, como os garotos.

Quero que partas com esta recordação minha. Que me guardes num cantinho novo, livre de jornalistas.

28 de setembro de 2008

pedaços de ti

Lembro-me daquele dia, em que ainda ninguém sabia que "namorávamos" – nem nós!

Fomos para tua casa; reconheço que estava cheia de vontade de te ter, de te conhecer. Nem acredito que já passaram anos...

Gostei do modo como me puseste à-vontade; como te puseste à-vontade. Adorei ver-te de jeans com umas pequenas dobras no fundo, em tronco nu, de pés descalços. O teu peito esguio e aveludado estava a deixar-me excitada. Nunca tínhamos estado assim, à beira de nos amarmos. Lembro-me desse sentimento, da inquietude, das borboletas na barriga.

Creio que para criar ambiente, ou simplesmente por estares nervoso, fomos ver os teus álbuns de fotos. Dos clássicos nus, às divertidas festas de aniversário ou férias em família, era o teu sorriso, a tua felicidade que sobressaía.

Sentada ao teu lado, via como recordavas os momentos em que tinhas os teus pais juntos e venturosos. Sorrias com as memórias, e eu sorria contigo. Encostada ao teu peito cheirava-to e beijava-to de vez em quando. Enrolava os dedos nos teus cabelos grossos e encaracolados, sempre despenteados, e respeitando o teu momento de partilha anímica, reprimi o desejo que me arremetia para cima de ti, querendo arrancar-te as calças.

Senti-me embrenhada na tua vida e na tua família e soube, num vislumbre, que nunca mais te deixaria ir de dentro de mim. Guardei o teu cheiro para sempre, guardei a tua saliva, guardei as tuas mãos, guardei a pele das nossas barrigas a colar, guardei os teus gestos, a maneira de ajeitares os óculos quando estavas nervoso.

Da massagem, do banho e da madrugada seguintes armazeno as melhores memórias. Ficaste a ver-me da janela da sala enquanto eu partia e soubemos os dois que tinha sido a primeira e a última vez.

Não estava planeado apaixonar-me por um amante.

24 de setembro de 2008

gourmet

-Descalça-te e vem. Vem assim mesmo – disse eu, enquanto lançava as sandálias pelo ar. – Despes-te aqui.

Reclinei-me na cama e comecei a desabotoar, devagarinho, a camisa branca que todo o dia me espartilhara.

-Espera – disse ele – vou à cozinha.

Ouvi os pés descalços a percorrer o mármore frio e a porta do frigorífico a ser aberta. Quando chegou à porta do meu quarto já não trazia camisa. Apenas as calças de pinças que, assim sem o resto do fato, me fez lembrar um ardina. Sorri um pouco, com a ideia. Ele achou o sorriso elogioso e eu não o desmenti.

Trazia consigo todos os toppings que havia encontrado: chocolate, caramelo e morango. Eu tinha-me mantido imóvel, lânguida, estendida na cama à sua espera. Os meus últimos botões foram por ele desapertados e o meu farto soutien desapareceu com a habilidade acrobática de uma só mão. Segurou-me contra ele e senti o bater do seu coração.

Afastei-me um pouco e abri a boca, com a língua de fora, a pedir topping.

-Chocolate!, óptima escolha...

19 de setembro de 2008

um homem

Sinto-me profundamente atraída por homens inteligentes. Daqueles que não deixam que lhes dê a volta. (Estou agora a lembrar-me de um...)
Hoje quando o vi vibrei. Cheirei-o naquele microssegundo que demora um cumprimento. Cheira a sonho. Acho que toda eu sorria. Parecia catraia, mas só me apetecia cantar, abraçá-lo, dar-lhe beijinhos no nariz pequerrucho, na testa alta, só queria revolver-lhe os fios de cabelo de ouro. São especiais.
Ele é especial.
É o homem que tenho vontade de ter ao meu lado hoje. Calmo, tranquilo, extremamente inteligente, um poço de ironia, e frágil q.b.. Não o mostra muito, mas é frágil! Não é homem que chore a ver filmes, mas é do tipo que oferece uma flor por motivo nenhum, que gosta de ouvir o que tenho para dizer. É do meu tipo, este tipo que não é meu.





"Já tens as coordenadas! Anda ter comigo. Vamos calçar meias grossas, correr aqui por casa e deslizar no soalho! Anda comer pipocas no sofá, com as pernas enroscadas, a ver séries da treta na tv. Anda."

11 de setembro de 2008

Feminismo

Este é um tema tramado.

Dou por mim muitas vezes a ser uma machista acérrima, o que me assusta. Gosto tanto da minha condição de muchacha que não me vejo a querer ter os direitos dos gajos! Senão vejamos: se eu fizer merda desculpam-me porque sou gaja; a conduzir, posso infringir o código de fio a pavio, porque o Sr. Agente – antes de mandar encostar – já percebeu que não se pode pedir mais de uma indefesa, fofinha e (portanto) vulnerável mulher!


Já um homem... bem... um homem não chora, um homem é forte;

Um homem não é romântico, é prático;

Trabalha para trazer a comidinha para casa (go get'em tiger!);

O homem pede a conta – e já agora paga-a;

O homem defende a honra à pancada;

Um homem não liga a pormenores sem importância.

(Sim, esta é uma visão muito fechada do que é ser "homem"; estou só a marcar uma posição).


E cada vez mais me apercebo de quão "macha" sou!! Não comecem já a pensar em "macha" como sinónimo de "mulher macho" – pelo contrário. Sou uma chica-esperta armada em independente que traz o próprio sustento para casa, paga as contas das saídas e jantares em dupla, e para quem sexo é sexo, mesmo com snuggles e smoochies.

Sexo é "toma-la-disto-gostei-muito-de-te-conhecer-e-encontamo-nos-por-aí". (Foi informação acessória, eu sei).

Voltando ao ser macha: não percebo porque é que as feministas defendem coisas como o dever de manter as pilosidades todas que Deus (ou a descendência do macaco) nos deu! Por que raio gostaria eu de ser peluda?

Ok, o meu professor de faculdade Eduardo argumentaria que o machismo já está tão instituído que eu tenho como minhas opções estas ideias que, no fundo, são ditames da sociedade…

Não me venham com tretas!

Não gosto de pêlos porque os acho feios. E fazem calor (sim, calor!). E se eu tenho direito de os deixar crescer, também tenho direito de os eliminar.


E já agora, porque é que são as feministas as menos femininas?

Men, até a Eva, nas representações mais arcaicas é uma gaja toda sexy. (Lá vem o Prof. Eduardo dizer que o conceito de “feminino” também foi padronizado e blá blá blá).

Certo, mas tenho um argumento que, creio, fecha a discussão: quando uma gaja se olha ao espelho e se acha boa, ela acha-se boa para si mesma. Não é gira para os outros. É para si mesma.

No extremo, quando ela se vê nua ao espelho e a sua libido dispara (foi bom o eufemismo – assim escuso de dizer que se olha ao espelho e começa logo a tocar-se) quer dizer que a necessidade de agradar ao outro – completamente natural – não se sobrepõe à vontade de se agradar a si mesma. (Ok, e também quer dizer que a miúda sofre de um caso clássico de narcisismo).


Como o slogan de uma marca dizia "Se eu não gostar de mim, quem gostará?" e mais recentemente foi alterado para "Se eu gostar de mim, quem não gostará?".

A questão do feminismo, tanto quanto consigo raciocinar, reside aí. Na auto-estima e no modo como isso transparece. Naquilo que sou independentemente de agradar ou não aos outros.

Se agradar, tanto melhor. Se não, kiss my ass!

Por isso é que há quem diga que o feminismo só é defendido por mulheres feias!

Faz-me rir, sabendo que não é verdade, mas esfrego as mãos... e rio-me diabolicamente ao pensar que sim.


Snuggles e smoochies 4u all

8 de setembro de 2008

Bombocas!!!

Quem não se lembra das bombocas?

Hoje, a passear por alguns blogs, dei de caras com a foto de uma bomboca!






Sim, destas!!!! Das que fazem crescer água na boca! Aquelas doçuras que me fazem lembrar a infância!
Adoro bombocas. Presumo que ainda adore, porque já não como há, no mínimo, duas décadas!!



As bombocas vinham em caixas plásticas de seis unidades, como as dos ovos! Gostava especialmente das de morango. As mais doces, as mais enjoativas, as MELHORES!
Puxa, que falta me fizeram as bombocas! Um amigo meu disse-me um dia: "imagina uma pessoa que não vês há meses, há anos, e nem um dia pensaste nela. Um dia reencontra-la inadvertidamente e tens noção da falta imensa e sincera que ela te fez."
Pois é basicamente esse o sentimento que tenho em relação à bomboca. Só agora, passados vinte anos, vejo a falta que me tem feito. Podia ter sido minha parceira quando os meus amores me corriam mal, podia ser usada para comemorar um dia especial. Imagino-a com uma vela ao centro, para alegrar uma amiga, na comemoração do primeiro mês sem o crápula do ex-namorado...



E comer uma bomboca é algo de especial: Tem aquela cobertura crocante, o recheio cremoso de bolhinhas de ar, e uma bolacha redondinha de baunilha que sustenta aquela obra-prima da doçaria. Muitas vezes, dá-se apenas uma dentada no topo, e vai-se lambendo o recheio. Mais uma trinca, mais umas lambidelas. Pequenas, para fazer render a pequena bomboca. E no fundo chega-se à bolachinha deliciosa, que nos vai avisando: "olha que está a acabar...".

Que momentos de requinte, que doçura de lembranças. Tenho vontade de comer uma bomboca de morango.

Tenho vontade de lamber uma bomboca, de a partilhar com um amigo bomboqueiro. Talvez ele nem conheça as bombocas. Talvez nunca tenha provado nenhuma. Talvez passe a gostar, depois de eu lhe mostrar como se faz. Talvez o seduza graças à bomboca.

Quem diria que, passados estes anos todos, eu encontraria toda uma panóplia de usos para a inocente, deliciosa e adoravelmente enjoativa bomboca?

6 de setembro de 2008

mini saia

  • Eu adoro mini saias. A mãe nem por isso!! Quando saio com ela tenho que trocar a mini saia por uma maxi ou por umas calças. Isto porque eu sou do tipo arejado que gosta de andar descascado! :D E a mãe prefere ter uma filha mais casta do que exposta. É compreensível.


  • Eu tenho por hábito escolher as mini saias ao acaso. Uso-as para sair, ir ao café, à praia e essas tretas. Mas se for ter com algum jeitoso prefiro levar saias mais compridas... digamos... assim pelo joelho!! (às vezes dão-me estes ataques de decência). Seria uma batalha muito renhida ter o cérebro a disputar atenção com as minhas pernas ou as minhas costas.


  • Sou uma miúda armada em chica-esperta, pelo que gosto de pensar (fingir) que sou inteligente e interessante sem mostrar as pernas... e muitas vezes não sou. A verdade é que consigo ser bastante chatinha... mas não nos primeiros encontros! Sou sempre intelectualmente sedutora, isso eu sei. Por isso é que não preciso nem quero ter mini saias ou outros objectos como amuleto quando estou interessada em alguém.


  • Lembro-me agora de um tipo que já me conhece há muito e nunca se sentiu (ou mostrou) minimamente interessado quer pelo meu cérebro, quer pelo meu corpo (e o sentimento sempre foi recíproco). Já me viu de mini saia, de biquini, de jeans e tops provocantes, vestidos vários, sei lá...


  • Mas houve um dia em que, durante um momento, tudo mudou. Estivemos com o grupo habitual de amigos e acabámos por estar mais próximos do que pensáramos ou desejáramos. Uma coisa simples que, colmatada com a minha micro camisa de dormir, despertou nele qualquer coisa - e em mim também. Acabámos por adormecer juntos. Pelo menos creio que ele adormeceu. Eu fiquei ao seu lado a desejar que ele acordasse e me fizesse sonhar. Até essa noite nunca o tinha olhado desta maneira. E ele a mim também não... até me ver as coxas muito pouco tapadas, enquanto eu distraidamente via tv. Depois disso houve ali faísca. Sei que houve. Da próxima vez acho gostaria de levar isto até ao limite e descobrir até onde posso ir. Mas não é isso que vai acontecer. Este episódio é para guardar no baú que diz "What if...?".


  • O nosso momento foi ali. Agora já passou.
  • Súplica


    Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
    E que nele posso navegar sem rumo,
    Não respondas
    Às urgentes perguntas
    Que te fiz.
    Deixa-me ser feliz
    Assim,
    Já tão longe de ti como de mim.

    Perde-se a vida a desejá-la tanto.
    Só soubemos sofrer, enquanto
    O nosso amor
    Durou.
    Mas o tempo passou,
    Há calmaria...
    Não perturbes a paz que me foi dada.
    Ouvir de novo a tua voz seria
    Matar a sede com água salgada.

    Miguel Torga

    Recomeça...

    Recomeça...
    se puderes,
    sem angústia e sem pressa
    e os passos que deres,
    nesse caminho duro do futuro,
    dá-os em liberdade,
    enquanto não alcances não descanses,
    de nenhum fruto queiras só metade.

    Miguel Torga

    3 de setembro de 2008

    Declaração de guerra

    Hoje estou em baixo. Tudo me afecta, sinto-me um caco. Hoje estou deprimida.
    Não queria ser trocada por dinheiro. Não, não fui trocada por uma ricaça. Fui trocada por dinheiro, mesmo! Há quem prefira ter um saco de moedas ao lado do que a mim! Não admira, eu não dou nada a ninguém. Dar? NADA! Trocar ainda pode ser.
    E também niguém me dá nada a mim! Tou farta de ser boazinha e queridinha.
    Quem me tramar, maltratar ou ousar olhar-me de lado está arrumado! Fica prometido. E publicado para eu me obrigar a cumprir!